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A lenda da tecelã das nuvens

- 21 de junho de 2019

Das lendas que já lemos aqui no portal (como a da boneca okiku), essa é a mais bonitas que trouxemos.

A tecelã das nuvens

Há muito tempo atrás no Japão, um jovem chamado Sei, estava arando suas terras para o plantio, com muita tristeza, pois a mãe que era tecelã, havia falecido recentemente.




 

Ela sempre o ajudara nesta tarefa, porém agora estava sem amparo e sem afago.

Eis que em um momento, uma cobra apareceu-lhe rastejando no chão.

Sei percebeu que curiosamente a cobra rastejava firmemente em direção a uma moita de crisântemos, onde havia uma aranha pendurada a um fio de seda.

A aranha o fez lembrar da mãe (pois era pequena e indefesa) e imediatamente levou a cobra para longe da pequena.

A aranha então olhou melhor para o menino e percebera a sua bondade.

Passado alguns dias, alguém bateu à sua porta. Ela curvou-se e perguntou se o rapaz precisaria de alguém para tecer.

Sei ficou surpreso, pois ele realmente precisava, porém nunca havia contado para ninguém desde a morte de sua mãe.

Então a perguntou:
– Como sabes que preciso de alguém.

Timidamente a jovem respondeu:
– Eu sei. Ficarei feliz se puder te ajudar.

Muito grato, Sei levou a jovem ao quarto de tecelagem de sua mãe.
Enquanto a jovem trabalhava tecendo, ele deu continuidade ao seu trabalho no campo.

 

À noite, ao voltar para casa,  Sei foi conferir o trabalho da jovem, já com a ideia de que ninguém se compararia a sua mãe:

– Já conseguiu fazer algo?

A jovem abriu a porta e, para a surpresa de  Sei, em cada braço ela segurava uma dúzia de tecidos que juntos, produziriam o suficiente para um Kimono.

– Impossível, como poderias fazer tanto?

A jovem apenas respondeu:

– Prometa que nunca mais fará essa pergunta e nem entrará no quarto enquanto eu estiver trabalhando.

-Eu prometo -Jurou Sei.

Dia após dia, Sei descobria que a jovem era capaz de produzir peças cada vez mais bonitas e delicadas.
Até que um dia, não foi capaz de cumprir sua promessa, e implorou a jovem:

– Por favor, diga-me como consegues fazer tantas belas peças.

Ela apenas o lembrou da sua promessa e seguiu seu trabalho.

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Após algum tempo, a curiosidade o venceu. E pensando que apenas uma espiadinha, não o faria quebrar sua promessa, olhou por uma pequena fresta na janela.

O que ele viu, o deixou paralisado:
Diante do tear não havia uma jovem, mas sim uma enorme aranha de oito pernas.

Sei logo lembrou da pequena aranha que ajudou anteriormente, e sem saber como expressar sua gratidão, Sei pensou que a aranha poderia precisar de mais algodão.


No dia seguinte, o rapaz partiu para uma aldeia distante com um unico objetivo: Comprar algodão.

Após um longo caminho de volta, Sei, cansado de todo o peso em suas costas, sentou-se em uma pedra para descansar.
E de exaustão, cochilou.

A cobra que ele havia expulsado estava passando por perto e lembrou-se do seu infortúnio. Então não perdeu a chance e entrou no pacote.


Ao chegar em casa, Sei entregou o pacote à jovem, que se curvou em agradecimento e voltou para a sua tecelagem.

Ao voltar ao quarto, a jovem transformou-se em aranha e começou rapidamente a consumir o algodão, para transforma-los em fios de prata.

Ao chegar perto do fim, a aranha se deparou com a cobra que a atacou, e em reflexo, fugiu por uma fresta da janela. Mas a cobra conseguiu alcançá-la.

Quando estava prestes a engoli-la, um raio de sol que antigiu um punhado de algodão que saia da boca da aranha e a puxou para o céu.

Para mostrar sua gratidão, a aranha usou todo o algodão que havia engolido, não mais para tecer roupas, mas para tecer nuvens no céu.
Resultado de imagem para belas nuvensPor isso em Japonês, nuvem se chama ‘’kumo’’, que também significa aranha.

(embora os ideogramas – kanji- sejam diferentes, a pronúncia é a mesma)

via:japaoculturaeturismo.