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A realidade dos japoneses idosos que se esforçam para serem presos

- 1 de agosto de 2019

Dedicado à reinserção social de ex-detentos, no centro de reabilitação de Hiroshima reside Toshio Takata de 69 anos, que conta sobre o motivo que o levou a infringir a lei: Ele era pobre e queria um lugar para morar de graça, nem que fosse atrás das grades. 




“Cheguei a uma idade em que fiquei sem dinheiro e sem trabalho. Me ocorreu então que talvez eu pudesse marar de graça se vivesse na cadeia”, relembra ele. “Roubei uma bicicleta e fui até a delegacia dizendo: Olha, eu roubei isso”, completou. 

A estratégia funcionou e foi a primeira infração cometida por Toshio, quando ele tinha 62 anos. E como as pequenas cortes tratam até os pequenos furtos com muita rigorosidade, o idoso foi condenado a um ano de prisão. 

De estatura baixa, magro e com risada frouxa, Toshio não se parece nada com o esterótipo de um criminoso e muito menos de alguem que seria capaz de ameaçar alguem com uma faca. MAs quando foi solto, foi exatamente o que ele fez. 

“Fui a um parque e apenas ameaçei mulheres. Eu não pretendia fazer nenhum mal. Só mostrei a faca para elas, esperando que uma delas chamasse a polícia, mas apenas uma fez isso.” 

Ao todo Toshio passou os últimos 8 anos na prisão.  

“Não é que eu goste, mas eu posso ficar lá de graça. E quando saio, já tenho economizado algum dinheiro, então viver não é tão doloroso.” 

Em uma sociedade notavelmente respeitadora da lei, um número considerável de idosos a partir dos 65 anos estão cometendo cada vez mais crimes. 

E assim como Toshio, muitos desses infratores são idosos com necessidades.  

“A versão de Toshio sobre ter entrado na prisão por conta da pobreza é apenas uma ‘desculpa’”, sugere Kanichi Yamada, de 85 anos, sobrevivente da bomba de Hiroshima. “O grande problema é sua solidão” 

A verdade é que Toshio está sozinho no mundo. Os pais faleceram e ele perdeu contato com os dois irmãos mais velhos, que nunca atendem suas ligações. Ele perdeu contato com as suas ex-mulheres na qual se divorciou e com os três filhos. 

Em uma reportagem, o portal de notícias BBC perguntou ao idoso se a situação teria sido diferente se ele tivesse uma família. E ele diz que sim. 

“Se eles estivessem por perto para me apoiar, eu jamais teria feito algo assim” 

 

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