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Brasileiros passam a despontar em profissões ocupadas apenas pelos japoneses, saiba mais

- 17 de junho de 2019

Pesquisas apontam o aumento de imigrantes brasileiros no Japão que conseguiram alcançar postos inacessíveis nessas últimas três décadas. Até então, as vagas concedidas aos descendentes de japoneses brasileiros eram apenas para mão de obra sem qualificação, serviços em autopeças, eletrônicos, indústrias de alimentos entre outros. A realidade atual coloca um fim a este ciclo, hoje observamos descendentes de japoneses brasileiros ocupando cargos de professores, advogados, artistas e até executivos de empresas.




 

Este ineditismo desperta a atenção da comunidade brasileira no Japão, além da mídia local.

Estes que pertencem a um seleto grupo, apresentaram disciplina e esforço para matricular-se em uma das 780 universidades japonesas.

Estudos apontam uma população de 196.781 “nikkeis” brasileiros, 20% são jovens na faixa dos 18 anos.

Levantamento feito pelo Ministério da Educação do Japão em 2017 identificou 34.334 alunos estrangeiros e 9.612 japonesas (famílias estrangeiras ou japoneses crescidos no exterior) que precisavam de assistência especial na escola. Entre os estrangeiros, 25,6% eram crianças de origem brasileira.

As estatísticas comprovam que a dificuldade de adaptação aumenta quanto mais idade possui o estudante estrangeiro ao ingressar pela primeira vez na escola japonesa. Um fato preocupante e real é o pequeno avanço dos brasileiros quando se refere ao aprendizado da língua japonesa, independentemente do tempo de residência no Japão.

 

Exemplos de disciplina e perseverança

Renan Eiji Teruya, 27 anos, é o primeiro brasileiro a ser aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Japão. Em 2016 participou de prova em que dos 6.899 inscritos foram aprovados 1.583 candidatos. Renan foi aprovado na primeira tentativa.

Renan migrou ao Japão aos oito anos de idade acompanhado de sua mãe. O interesse pelo Direito surgiu ainda jovem, assistindo seriados policiais na TV em sua casa após as aulas.

Pensou em ser juiz, porém precisava trocar a sua nacionalidade para a japonesa, fato que o fez decidir em ser advogado e apoiar estrangeiros brasileiros no Japão. A Suprema Corte do Japão passou a aceitar estrangeiros para atuar como advogados a partir da mudança de lei de 1977.

A família Igi conta com dois vencedores, Rodrigo e André. Desembarcaram no Japão no ano de 1996, Rodrigo foi matriculado na quarta série e André na segunda do ensino fundamental de uma escola pública de Toyokawa, província de Aichi.

Sentiram na pele a diferença cultural desde o seu primeiro dia de aula. Entrar na sala de aula sem trocar ao calçado restrito para uso interno e mascar goma de mascar durante a aula foram alguns dos muitos alertas recebidos. Essa fase foi a mais difícil, além das broncas de professores e coordenadores acompanharam-se os bullyings.

André pediu aos pais para mudar-se a uma escola brasileira que estava surgindo na cidade ou abandonar os estudos, seu pai mostrou-se firme aos apelos de seu filho e pediu para que continuasse na escola japonesa, pois esta era a única forma de traçar um futuro diferente aos demais dekasseguis.

Rodrigo foi diagnosticado com leucemia nesta época e ficou internado por sete meses. Rodrigo sentiu-se um ser privilegiado, enquanto lutava para sobreviver haviam garotos japoneses tirando a sua própria vida. O número de suicídio no Japão gira em torno de trinta mil por ano.

Esta realidade despertou a vontade de ser professor, entendeu que não eram apenas os estrangeiros que sofriam, os japoneses também padeciam com seus problemas.

Em 2009 foi contratado para ser professor do ensino fundamento 2 de inglês, algo raro na época. Passou a frequentar a mídia e sentiu medo de sua grande responsabilidade: “Se eu cometesse algum deslize poderia fechar as portas para outros brasileiros que buscam a profissão de professores”.

Hoje com 32 anos, carrega consigo o histórico profissional de professor por seis anos em escola pública de Toyota – Aichi, mestrado na Inglaterra e atualmente professor na escola de Toyohashi, província de AIchi. Continua sendo uma grande referência aos brasileiros.

Seu irmão André também prosperou, diferentemente de seu irmão Rodrigo, preferiu ingressar em uma grande empresa multinacional.

Karin Oshima, 25 anos, é um outro caso de sucesso. Ensina geografia em uma escola do ensino fundamental 2 na cidade de Komaki, província de Aichi.

Nayara Kinjo segue a carreira de assistente social no Japão. Na faculdade apresentou sua tese: “Envelhecimento dos brasileiros no Japão”. “Conheci algumas pessoas que, por vários motivos, não pagaram a aposentadoria e não tiveram acesso aos benefícios da assistência social do Japão. Muitos deles estão na faixa de mais de 60 anos”, afirma.

Ayane Mogi, 25 anos, estudou na faculdade de Belas Artes com o desejo de ser designer, mas tornou-se uma “rakugoka”, espécie de stand-up do século 17 japonês. “Nesta arte é necessário memória, expressão corporal e preparo físico”, afirmou a artista.

O Mundo-Nipo orgulha-se em levar ao nosso público uma matéria de grande relevância a nossa comunidade “nikkei”, no momento deixamos o coro de nossa equipe de editores: “Parabéns! Vocês são vencedores e inspiram nossas crianças a perseverar no Japão”.

Fonte: Mundo-Nipo