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Dispersão de cinzas no mar ganha popularidade no Japão como alternativa econômica aos enterros tradicionais

- 12 de janeiro de 2025

Crescimento do “Fechamento de Túmulos”: Transformações culturais no Japão

TÓQUIO — Serviços de dispersão de cinzas no mar, realizados sem a presença de familiares, estão se tornando cada vez mais populares no Japão. Essa opção acessível oferece uma alternativa prática aos tradicionais ritos funerários, atraindo um número crescente de adeptos.

Contudo, a falta de regulamentação específica para a prática tem gerado debates, com especialistas alertando sobre os riscos legais associados ao uso inadequado desse serviço.

Alternativa acessível para famílias enlutadas

A empresa House Boat Club Co., com sede no bairro de Koto, em Tóquio, é pioneira nesse mercado. Desde 2007, oferece dispersão de cinzas oceânicas por meio de fretamentos privados e viagens compartilhadas. Mas, nos últimos anos, a demanda por serviços de procuração — em que funcionários da empresa realizam o rito no lugar da família — cresceu exponencialmente.

De acordo com Masatoshi Akaba, presidente da empresa, muitos clientes optam pela dispersão de cinzas por procuração para economizar. Esse serviço custa ¥55.000 (cerca de US$ 366), em comparação com os ¥297.000 (US$ 1.980) cobrados por fretamentos privados ou ¥165.000 (US$ 1.100) por viagens compartilhadas.

A popularidade crescente levou a empresa a expandir seus serviços para 40 localidades em 33 das 47 prefeituras do Japão em outubro de 2023, mais que o dobro da cobertura anterior.

Tendência crescente de “fechamento de túmulos”

A Aeon Life Co., subsidiária funerária do grupo varejista Aeon Co., também observou um aumento expressivo na procura por serviços de dispersão de cinzas no mar. Entre 2017 e 2023, a demanda triplicou. Em 2023, 80% dos sepultamentos marítimos da empresa foram realizados via procuração, refletindo uma tendência nacional de “fechamento de túmulos” — processo em que lápides são removidas e sepulturas desocupadas.

Para atender a essa demanda, a Aeon Life cobra ¥66.000 por conjunto de cinzas e oferece pacotes que permitem a dispersão de restos mortais de múltiplos familiares. Recentemente, a empresa lançou um plano simplificado por ¥44.000 (cerca de US$ 290), reduzindo custos ao eliminar serviços como álbuns comemorativos.

Como funciona o processo?

No modelo básico da Aeon Life:

  1. As cinzas são enviadas para uma empresa parceira, onde são limpas, trituradas e embaladas em sacos solúveis em água.
  2. Funcionários transportam os restos para um local no mar definido pelo cliente, onde são dispersos.
  3. Após a cerimônia, a empresa envia um certificado de localização e, em alguns casos, um álbum memorial.

Questões legais: rito funerário ou descarte?

Embora a dispersão de cinzas tenha ganhado aceitação, questões legais ainda preocupam especialistas. De acordo com Hajime Himonya, do Nihon Soso Bunka Gakkai, a prática pode infringir o Código Penal japonês se for vista apenas como uma forma de descarte de restos mortais. Ele destaca que “a intenção do falecido e de sua família é crucial para legitimar o rito”.

Desde 1991, quando um grupo cívico realizou a primeira dispersão pública de cinzas, a prática foi gradualmente normalizada, mas ainda requer regulamentação específica para evitar interpretações legais equivocadas.

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