Explore a Osaka dos anos 50 e 60. Um documentário imperdível revela a história da cidade, do boxe à Expo ’70, e a extinção do Osaka City Tram. Nostalgia e modernização.
Um documentário especial transporta os espectadores para as vibrantes ruas de Osaka entre 1959 e 1971, um período crucial marcado pela presença e posterior descontinuação do icônico Osaka City Tram. O bonde, que era o coração pulsante do transporte na cidade, teve sua circulação encerrada em 1969, simbolizando uma era de rápidas mudanças.
A narrativa começa em Yodoyabashi, em 1959, em um momento de grande expectativa nacional. A cena captura o fervor em torno do boxeador Sato Hatta, que se preparava para enfrentar Pascal Perez pelo título mundial dos pesos-mosca. Narrado pelo renomado contador de histórias rakugo Chicho Katsura, o programa utiliza imagens de arquivo e documentários para explorar as paisagens, as pessoas e as histórias da Osaka das décadas de 30 e 40 da era Showa.
Modernização e Lazer: O Efeito da Expo ’70 em Osaka
A luta entre Hatta e Perez, um evento marcante, ocorreu em um ringue improvisado no Parque Okigimachi, construído com água drenada da Piscina de Osaka. Hatta foi derrotado no 13º round. Doze anos depois, a transferência da piscina para a Ponte Asashio marcou o início de uma intensa onda de reurbanização.
A perspectiva de um condutor de bonde guia os espectadores por uma Osaka em intensa transformação. A década de 1960 foi um período de mudanças sísmicas para a cidade, tudo em preparação para a Expo de 1970. A modernização incluiu:
- A construção da Estação Shin-Osaka.
- A expansão maciça de rodovias e linhas ferroviárias.
- Hidrovias históricas, como a Nakajima Daisuido, foram ofuscadas por desvios elevados e pelos trilhos do Shinkansen.
Enquanto isso, novos polos comerciais, como o Umeda Chikagai, surgiram no subsolo, em resposta às ruas cada vez mais congestionadas por automóveis. A evolução urbana transformou até mesmo áreas rurais, como Awaji, ao norte do Rio Yodogawa, que foi remodelada pela chegada do Shinkansen.
O Fim do Osaka City Tram e o Legado da Era Showa
O documentário detalha como os bairros evoluíram em torno dos principais pontos de trânsito. A Estação de Osaka se consolidou como o centro de uma sociedade de passageiros. No nível da rua, pedestres, ciclistas e policiais orientando o trânsito eram a norma.
Paradoxalmente, apesar da necessidade de soluções sustentáveis, os primeiros trólebus ecológicos — introduzidos em 1953 — caíram em desuso, sendo injustamente culpados pelos engarrafamentos.
O filme também oferece vislumbres ricos da vida social e cultural:
- Bolsas de valores vibrantes com operadores de telefone.
- Mercados movimentados, sujeitos a fortes chuvas.
- Distritos de entretenimento como Namba e Dotonbori, repletos de teatros, shows de comédia e luzes de neon.
Cenas de Sennichimae mostram a infeliz loja de departamentos Sennichi antes de um incêndio fatal. O lazer pós-guerra de Osaka é ilustrado com imagens do Zoológico de Tennoji (1964) e das hoje extintas atrações da Piscina Abe. O documentário não foge aos momentos de tensão social, como os protestos contra a aquisição de terras para a Estação Shin-Osaka.
Em 1969, os bondes do Osaka City Tram — que já foram parte integrante da identidade da cidade — foram silenciosamente retirados de circulação, substituídos por metrôs, ônibus e rodovias que redefiniram a paisagem e o ritmo de vida. No entanto, o documentário faz questão de ressaltar que os resquícios daquela época persistem. Festivais seguem rotas antigas e bairros históricos de Osaka ainda preservam o charme da era Showa, lembrando-nos que o futuro da metrópole foi, um dia, construído sobre trilhos de aço.


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