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É Preciso Falar Japonês para Fazer Negócios no Japão?

- 5 de junho de 2025
Descubra se é preciso falar japonês para fazer negócios no Japão. Analisamos a crescente importância do inglês e as melhores práticas para o sucesso no mercado japonês.

Descubra se é preciso falar japonês para fazer negócios no Japão. Analisamos a crescente importância do inglês e as melhores práticas para o sucesso no mercado japonês.

Um jantar de sushi em Tóquio, no final de 2023, revelou uma perspectiva inesperada sobre a necessidade de falar japonês para fazer negócios no Japão. Um executivo japonês de uma grande empresa me surpreendeu ao afirmar: “Você não precisa mais saber japonês para fazer negócios no Japão.” Essa declaração, ecoada por outros líderes empresariais japoneses, me levou a questionar se o idioma ainda é um pré-requisito para o sucesso no mercado japonês. Minha resposta, baseada em experiências práticas, é clara: não.


Sem Barreiras de Idioma: A Experiência com Trading Companies

À frente de uma consultoria em Tóquio que auxilia startups estrangeiras de IA a estabelecerem parcerias com empresas japonesas, a maior parte do meu trabalho se concentra no mercado japonês, e tudo é conduzido em inglês. Lembro-me de uma ocasião, no início da minha carreira em uma startup na Califórnia, quando um representante de uma grande trading japonesa nos contatou. Todas as comunicações — e-mails, reuniões, materiais e contratos — foram realizadas em inglês. O idioma nunca foi uma barreira para a colaboração, e essa trading se tornou a primeira investidora japonesa na startup, além de atuar como distribuidora e apresentar a empresa aos seus clientes japoneses. Essa experiência reforçou a ideia de que a fluência em japonês não é um obstáculo para fazer negócios no Japão.


Equipes Digitais e Inovação: Conexões Essenciais em Inglês

As grandes corporações japonesas de hoje demonstram uma impressionante capacidade de conduzir negócios em inglês. Acredito que essa tendência se expandirá para empresas menores, impulsionada pela crescente adoção da IA e a necessidade de colaboração em inglês. Profissionais de grandes empresas com experiência global também estão migrando para empresas de menor porte, levando consigo essa cultura de comunicação em inglês.

Aconselho startups estrangeiras a focarem nas equipes de digital e inovação dentro das empresas japonesas. Elas são a porta de entrada ideal, pois prospectam e buscam novas tecnologias, mantendo conexões com as unidades de negócios internas. Minha experiência mostra que esses departamentos, em sua maioria, operam em inglês, facilitando a entrada de empresas estrangeiras no mercado japonês.

Um exemplo prático é a colaboração entre a NTT Data, provedora de serviços de TI de Tóquio, e minha cliente Bifrost AI, uma startup americana de geração de dados sintéticos 3D. Todas as interações, sem a necessidade de intérpretes ou tradutores, foram em inglês. A equipe da NTT Data é composta por membros de diversas nacionalidades, e o inglês serve como a língua comum. A NTT Data, inclusive, promove conferências globais em inglês, como a realizada em Milão para clientes europeus e internacionais, convidando parceiros como a Bifrost AI para apresentar. Isso demonstra como o inglês está se consolidando como a língua dos negócios no Japão.


Idioma como Indicador Cultural: Navegando pelas Expectativas

Embora o domínio do japonês não seja estritamente necessário para fazer negócios, o idioma atua como um indicador de fluência cultural. Clientes japoneses que não falam inglês podem não estar familiarizados com a cultura empresarial ocidental, o que pode gerar atritos, especialmente na comunicação e expectativas.

Minha recomendação é que as startups estrangeiras busquem, inicialmente, empresas japonesas que já operam em inglês. Uma vez que ganhem impulso, podem contratar funcionários japoneses para expandir o suporte aos clientes em japonês. Essa abordagem estratégica permite que as empresas se adaptem ao mercado sem que a língua japonesa seja um impeditivo inicial para negócios no Japão.


O Inglês como Ecossistema de Negócios no Japão

É inegável que algumas áreas de negócio no Japão ainda exigem fluência em japonês. No entanto, muitas outras já operam perfeitamente em inglês. Este cenário é uma mudança significativa em relação a 2016, quando comecei a atuar no país. Sou grato por poder operar minha consultoria em Tóquio em 2025, impulsionado pela crescente adoção do inglês como um ecossistema de negócios no Japão.

Minha família, com minha esposa brasileira que não fala muito japonês e nossos filhos nascidos em Tóquio, é um exemplo de como a cidade se tornou acolhedora mesmo sem a fluência total no idioma. Nossos filhos, imersos na cultura local, aprendem japonês rapidamente, mas é provável que, no futuro, nem precisem dele para atuar na interseção dos negócios entre EUA e Japão. A realidade é que a comunicação em inglês no Japão para negócios está cada vez mais forte.

Mike Kim é fundador da Gradient Consulting, especializada em acelerar negócios de empresas de tecnologia e startups de IA no Japão e na Ásia, com mais de 20 anos de experiência na região.

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