
Descubra como ex-funcionários da Neo Corporation em Osaka revelam um ambiente de trabalho de assédio, coerção sexual e penalidades financeiras, apesar dos altos salários.
Um grupo de ex-funcionários da Neo Corporation, uma empresa de vendas de equipamentos elétricos com sede em Osaka, moveu uma ação judicial. As acusações são graves: assédio rotineiro, coerção sexual e um sistema opressivo de penalidades financeiras. Isso ocorre mesmo com a empresa anunciando salários médios anuais que superam 14 milhões de ienes. Os demandantes descrevem um ambiente onde violência, humilhação e pressão extrema eram parte do cotidiano, contrastando com a promessa de altos lucros.
O Dia a Dia de Terror na Neo Corporation
“Era violento no dia a dia. Parecia trabalhar no escritório de uma yakuza”, relatou um ex-funcionário, identificado como A. Outro ex-colaborador, B, descreveu abusos físicos alarmantes: “Quando meus testículos foram agarrados, a dor era tão forte que eu não conseguia nem emitir um som. Esse tipo de abuso era rotineiro.”
Tanto A quanto B trabalharam na Neo Corporation, uma empresa de Osaka especializada na venda e instalação de equipamentos elétricos. Embora seu site alardeie que vendedores ganham em média 14,27 milhões de ienes por ano, cinco ex-funcionários, incluindo A e B, buscaram indenização por danos decorrentes de assédio moral e outras práticas abusivas.
Penalidades Financeiras Abusivas e Assédio Verbal
A, um homem na casa dos 40 anos, deixou a empresa no ano passado após nove anos. Ele relatou à Kansai TV o impacto duradouro das experiências: “As lembranças daqueles dias dolorosos simplesmente voltam à tona.”
Atraído pela promessa de altos lucros, A ingressou na Neo Corporation, que opera em todo o Japão. Contudo, ele e outros quatro ex-funcionários entraram com uma ação judicial em março deste ano. O processo detalha um sistema de penalidades peculiar. Por exemplo, infrações de trânsito em serviço resultavam na perda total da comissão mensal do vendedor. Como a maior parte do salário era baseada em desempenho, até infrações menores causavam perdas financeiras significativas. A admitiu ter acumulado multas de cerca de 3 milhões de ienes por infrações como não parar em cruzamentos ou excesso de velocidade.
Além das multas de trânsito, existiam as “deduções de desconto”, aplicadas quando clientes cancelavam contratos. Comissões eram recuperadas e, para alguns, múltiplos cancelamentos significavam cortes drásticos na receita.
O abuso verbal era comum. Em uma gravação, um gerente grita: “Você deveria ter trabalhado 10 horas, mas só trabalhou 4 e meia. Desempenho zero. O que você tem a dizer?”. O funcionário se desculpava repetidamente enquanto era repreendido por não atingir metas de vendas.
Coerção Sexual e Agressões Físicas
B, que se juntou a A no processo, descreveu ter sido submetido a assédio extremo. “Quando não atingi minhas metas, um superior me ordenou que enviasse uma foto de corpo inteiro nu. Naquela ocasião, consegui evitar, mas em outra ocasião, quando novamente não atingi as metas de vendas, ele exigiu uma foto dos meus genitais. Não pude recusar e enviei.” B relatou que a foto explícita circulou na empresa.
Além da coerção sexual, B descreveu agressões físicas frequentes, como um superior agarrando seus testículos. “Ele alegou que não estava usando muita força, mas a dor era insuportável. Eu não conseguia nem gritar. Isso acontecia com frequência”, disse. B foi diagnosticado com transtorno de adaptação e deixou a empresa, considerando uma ação criminal contra seu ex-superior.
A Cultura Corporativa em Questão
Um ex-gerente da Neo Corporation, entrevistado pela Kansai TV, confirmou o ambiente: “Os gritos faziam parte do cotidiano lá. Esse tipo de linguagem era usado com todos.” Ele explicou que, embora não praticasse o assédio, muitos gerentes eram agressivos. “Se você não conseguisse intimidar seus subordinados, não era considerado um gerente em potencial. Algumas pessoas mudavam completamente depois de se tornarem gerentes de filial. Isso era a norma em todas as filiais.”
Os cinco ex-funcionários buscam coletivamente 19 milhões de ienes em indenização. A Neo Corporation, em seu site, afirmou: “Acreditamos que essas alegações se baseiam em interpretações e percepções unilaterais.” Quando a Kansai TV buscou mais informações sobre as penalidades e o assédio, a empresa respondeu: “Não deduzimos salários diretamente. A remuneração é determinada por meio de avaliações de desempenho. Assédio não faz parte da nossa cultura corporativa.”
Contudo, funcionários atuais também testemunharam que o assédio moral persiste. “A empresa nega publicamente, mas para quem trabalha lá, o assédio ainda é uma realidade. Não houve melhora na cultura de intimidação e abuso verbal contra funcionários que não cumprem metas”, disse uma fonte.
O processo judicial contra a Neo Corporation continua. Comentaristas observaram que a ética empresarial e a confiança interna da empresa estão em xeque. “Sem confiança mútua, não se pode fazer negócios”, comentou um observador, preocupado com o ambiente interno da empresa. O julgamento promete revelar toda a extensão das práticas da Neo Corporation.


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