
Participe do Festival Hekokaki em Kurume, Japão: homens de fundoshi celebram uma tradição milenar de oração por saúde e proteção.
Em 1º de junho, a cidade de Kurume, na província de Fukuoka, sediou seu anual Festival Hekokaki em Kurume, um evento xintoísta que remonta ao período Edo. Dezenas de homens, vestidos com tradicionais tangas fundoshi vermelhas, participaram deste ritual singular para rezar por proteção contra infortúnios e por boa saúde. Este ano, cerca de 100 participantes de todo o Japão se reuniram no Santuário Koura, marcando a continuidade de uma tradição rica em simbolismo e resistência, o Festival Hekokaki em Kurume.
A Preparação para o Ritual: Hachimaki e Fundoshi
O dia começou cedo, às 4h30, com dezenas de homens se reunindo em uma praça escura, cheios de expectativa. Cada participante recebeu uma faixa vermelha de hachimaki (testa) e um fundoshi vermelho, trajes essenciais para o evento. O nome “Hekokaki” deriva do dialeto local, onde “heko” significa fundoshi e “kaku” significa “vestir”. O repórter da RKB, Ryosuke Baba, que experimentou o fundoshi pela primeira vez, descreveu a sensação de forma inusitada: “Ele aperta o bumbum. Parece que abre o bumbum.” Essa é a essência do Festival Hekokaki em Kurume.
Purificação e Resistência: Torifune e Misogi
Após um ritual de purificação (oharai), os participantes iniciaram um aquecimento chamado torifune, imitando movimentos de remo. Em seguida, veio a etapa mais desafiadora: o misogi, um mergulho em água fria. Apesar da mínima matinal de 14,3°C em Kurume, os homens enfrentaram o frio com coragem. “Está congelando”, ofegou Baba, enquanto outros tremiam em concordância. Esta purificação é um elemento central do Festival Hekokaki em Kurume, testando a determinação dos participantes.
A Procissão e a Ascensão ao Santuário Koura
Com a purificação concluída, os homens partiram em procissão rumo ao Santuário Koura. Moradores locais os aplaudiam, impressionados com a “digna” maneira como usavam o fundoshi. A procissão percorreu cerca de três quilômetros, culminando no desafio final: subir 131 degraus de pedra íngremes até o santuário. “Minhas panturrilhas e coxas estavam queimando. Foi difícil”, comentou Baba. No topo, os participantes passaram por um anel de capim chinowa de dois metros de largura, um ato simbólico de oração por saúde e proteção contínuas, encerrando mais uma etapa do Festival Hekokaki em Kurume.
Reflexões e o Legado do Festival Hekokaki em Kurume
A exaustão era visível em alguns participantes. Um novato admitiu: “Os degraus foram a parte mais difícil”. Um estagiário técnico do Sri Lanka comparou: “Temos festivais no meu país, mas nada como este. Mostrar o bumbum é constrangedor.” Ele, no entanto, não pretende retornar no próximo ano devido ao constrangimento.
Apesar dos desafios e do aspecto inusitado para alguns, o Festival Hekokaki em Kurume continua a ser uma tradição familiar importante. Um pai orgulhoso compartilhou: “Passei a tradição para o meu filho. Espero que um dia ele faça isso com o próprio filho.” Este festival não é apenas um evento, mas um elo que conecta gerações, transmitindo valores de resiliência, fé e respeito às tradições japonesas.


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