Filipinas na Guerra do Pacífico: Uma História de Resiliência. Explorando o Impacto Duradouro do Conflito nas Relações Atuais
O renomado diretor de anime Hayao Miyazaki, vencedor do Prêmio Ramon Magsaysay, conhecido como o “Prêmio Nobel da Ásia”, utilizou seu discurso de aceitação para ressaltar a história de guerra do Japão nas Filipinas. Durante a cerimônia realizada em Manila, em 16 de novembro, a Fundação do Prêmio Ramon Magsaysay destacou Miyazaki por sua defesa de questões sociais, como a paz e a preservação ambiental, ajudando o público a compreender esses temas.
Aos 83 anos, Miyazaki, cofundador do Studio Ghibli Inc., enviou uma mensagem ao evento, lida por Kenichi Yoda, executivo do Studio Ghibli. “Ser homenageado com este prêmio me fez pensar nas Filipinas mais uma vez”, dizia a mensagem. Ele mencionou a visita do imperador e da imperatriz do Japão a Manila em 2016, para homenagear as vítimas da “guerra urbana” durante a Segunda Guerra Mundial, e afirmou: “Os japoneses fizeram muitas coisas terríveis durante a guerra. Eles mataram muitos civis. O povo japonês não deve esquecer isso. Isso sempre permanecerá. Dada essa história, eu solenemente aceito o Prêmio Ramon Magsaysay das Filipinas.”
A mensagem de Miyazaki foi amplamente apoiada nas redes sociais, embora algumas postagens expressassem surpresa ou desconhecimento sobre essa história. O Prêmio Ramon Magsaysay, estabelecido em 1957, é concedido anualmente a indivíduos e grupos que contribuem para a paz e o serviço público na Ásia. Este ano, o prêmio foi concedido a um grupo e quatro indivíduos, incluindo Miyazaki.
A fundação que administra o prêmio afirmou ao The Asahi Shimbun que o discurso de Miyazaki destaca a importância de enfrentar e lembrar o passado para construir um futuro melhor para ambos os países, promovendo o entendimento mútuo através dos princípios do Prêmio Ramon Magsaysay.
FILIPINAS COMO VÍTIMA NA GUERRA DO PACÍFICO
Apesar de as Filipinas serem frequentemente vistas como pró-Japão, muitos cidadãos filipinos levam a sério o impacto negativo das ações japonesas durante a guerra. As Filipinas, colônia dos Estados Unidos, foram ocupadas pelas forças japonesas em 1942, após o início da Guerra do Pacífico. Em fevereiro de 1945, perto do fim da guerra, ocorreram combates intensos em Manila entre militares japoneses e forças aliadas lideradas pelos EUA, resultando na morte de cerca de 100.000 civis filipinos.
No total, cerca de 1,11 milhão de pessoas morreram nos combates entre Japão e EUA, nos bombardeios americanos e nos massacres em massa pelo exército imperial japonês. Três heróis nacionais emergiram dessa história, retratados na nota de 1.000 pesos filipinos de 2010 a 2022: José Abad Santos, Josefa Llanes Escoda e Vicente Lim, todos mortos pelas forças japonesas.
A VIRTUDE DO PERDÃO
As relações entre Japão e Filipinas melhoraram após a guerra, quando o presidente filipino Elpidio Quirino perdoou prisioneiros japoneses em 1953, apesar de sua família ter sido morta pelos militares japoneses. Ele libertou e reduziu as sentenças de 105 criminosos de guerra das Classes B e C. “Não quero que meus filhos e meu povo herdem de mim o ódio por pessoas que ainda podem ser nossos amigos”, afirmou.
Um acordo de reparações de guerra foi assinado entre os dois países três anos após os perdões, normalizando as relações diplomáticas. Em 2016, o imperador e a imperatriz do Japão visitaram Manila, e Akihito, agora imperador emérito, destacou que muitas vidas filipinas foram perdidas durante a guerra, algo que os japoneses nunca devem esquecer.
Um monumento em homenagem a Quirino foi erguido no Parque Hibiya, em Tóquio, em 2016. Quirino incentivou os familiares sobreviventes a perdoar o passado. Por outro lado, Desiree Benipayo, parente de Santos, afirmou que a história deve ser lembrada para evitar novas guerras. A virtude do perdão é um conceito-chave no catolicismo, predominante nas Filipinas, reforçando a importância de lembrar como o Japão foi perdoado por seus crimes de guerra.
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