Crédito: Japan Times – 04/07/2023 – Terça
O ministério da educação enfatizou a necessidade de os alunos entenderem a inteligência artificial em novas diretrizes divulgadas na terça-feira, definindo como a IA generativa pode ser integrada às escolas e as precauções necessárias para lidar com os riscos associados.
Os alunos devem compreender as características da IA, incluindo suas vantagens e desvantagens, sendo que estas últimas incluem vazamentos de informações pessoais e violação de direitos autorais, antes de usá-la, de acordo com as diretrizes. Eles afirmam explicitamente que passar relatórios, ensaios ou quaisquer outros trabalhos produzidos pela IA como sendo de autoria de alguém é inapropriado.
Além disso, as diretrizes promovem o uso de IA no aprendizado de inglês e incentivam sua integração em atividades em grupo, para que os alunos possam questionar e abordar diferentes perspectivas, aumentando a profundidade da discussão.
“Estamos empenhados em abordar essas preocupações, melhorar a compreensão e as habilidades dos professores e promover um ambiente seguro e eficaz para a utilização da IA na educação”, disse a ministra da educação, Keiko Nagaoka, na terça-feira.
As diretrizes serão compartilhadas com conselhos de educação e outras organizações na terça-feira.
“Acredito que é necessário prosseguir com algumas atividades experimentais (baseadas nas diretrizes) nas escolas, levando em consideração a proteção de dados pessoais, segurança e direitos autorais para examinar completamente os resultados e contribuir para futuras discussões”, Hisanobu Muto , líder da equipe do projeto de digitalização escolar do ministério, disse na segunda-feira.
O ministério também enfatizou a importância da alfabetização em IA entre os professores. As diretrizes incentivam os professores a usar informações falsas geradas pela IA como materiais didáticos para os alunos, para que possam aprender a verificar os fatos. Eles também promovem o uso de ferramentas de IA para reduzir a carga de trabalho dos professores, simplificando tarefas administrativas e melhorando suas práticas de ensino.
Eles também sugerem que os professores podem precisar descartar os métodos tradicionais de exame e lição de casa, como redigir relatórios, que podem ser feitos facilmente usando IA.
“Se os próprios professores se familiarizarem com a nova tecnologia e aprenderem a usá-la de maneira conveniente, segura e inteligente, poderão responder adequadamente em suas atividades educacionais”, disse Muto.
“Precisamos melhorar a alfabetização de IA dos professores e (promover) a reforma do estilo de trabalho, realizando treinamento de professores e promovendo o uso apropriado de informações no serviço público.”
Com relação às preocupações com o vazamento de informações pessoais, as diretrizes desaconselham a entrada dessas informações, bem como a configuração do sistema de forma que essas informações não sejam usadas para aprendizado de máquina.
O governo planeja solicitar que as empresas de IA considerem melhorar seus produtos do ponto de vista do uso educacional no Japão, como fortalecer a filtragem de conteúdo nocivo, implementar recursos de proteção de informações pessoais e desenvolver ferramentas de IA projetadas para uso educacional.
O ministério também planeja colaborar com a NHK para produzir vídeos sobre aprendizado generativo de IA, de acordo com as diretrizes.
As diretrizes pretendem ser implementadas não apenas em escolas públicas, mas também em outras instituições de ensino.
O ministério disse que as diretrizes ainda são provisórias e serão atualizadas com flexibilidade com base no feedback e no desenvolvimento de outras regras em relação à tecnologia.
Uma pesquisa realizada em abril e maio pela CyberOwl, com sede em Tóquio, que gerencia mídias on-line relacionadas à educação, mostrou que aproximadamente 70% dos 508 pais de alunos da terceira série ao ensino médio acreditam que são necessárias regulamentações para o uso do ChatGPT por crianças .
Entre os entrevistados, 49% disseram que estavam “relativamente ansiosos”, enquanto aproximadamente 15% estavam “ansiosos”. Cerca de 35% disseram estar preocupados com “a diminuição da capacidade de pensamento crítico” e 34% expressaram preocupação com o fato de seus filhos “acreditarem em informações falsas”.
No entanto, a porcentagem de pais ansiosos difere significativamente, dependendo se eles próprios usaram o ChatGPT ou não.
Enquanto cerca de 44% dos pais que usaram o ChatGPT disseram estar preocupados ou relativamente preocupados com o uso desses chatbots de IA por crianças, o número aumentou para 72,9% para aqueles que não usaram o ChatGPT.
“A IA generativa pode ser facilmente usada em smartphones e computadores e, portanto, acredito que professores e pais devem ter uma experiência em primeira mão de usá-la”, disse Tatsuya Horita, professor de informação e tecnologia da Universidade de Tohoku.
“Ao invés de ter preocupações vagas sobre algo que eles não sabem, é importante educá-los sobre a compreensão dos mecanismos e como usá-los adequadamente.”
Foto: Resenha Crítica
