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Mako Nishimura A História da Mulher Yakuza Que Ajuda Ex-Gângsteres a Recomeçar

- 28 de outubro de 2025
Conheça Mako Nishimura, uma das raras mulheres Yakuza do Japão, que deixou o crime e agora lidera uma ONG para reintegrar ex-gângsteres à sociedade. Saiba mais sobre sua jornada.

Conheça Mako Nishimura, uma das raras mulheres Yakuza do Japão, que deixou o crime e agora lidera uma ONG para reintegrar ex-gângsteres à sociedade. Saiba mais sobre sua jornada.

A ausência da ponta de um dedo é um vestígio do passado criminoso de Mako Nishimura, uma das poucas mulheres na história da notória máfia japonesa, a Yakuza. Após escapar do submundo, ela dedica seus dias a uma nova missão: auxiliar outros gângsteres aposentados em sua reintegração à sociedade. Nishimura lidera o braço de Gifu da Gojinkai, uma organização sem fins lucrativos focada em ressocializar ex-criminosos.

O Declínio do Império Yakuza e a Repressão Policial

A Yakuza, uma rede multibilionária de crime organizado, dominou por anos o Japão com atividades como tráfico de drogas, jogos de azar ilegais e comércio sexual. No entanto, o império criminoso tem enfrentado um declínio notável. Nos últimos anos, leis antimáfia mais severas e uma intensificação da repressão policial fizeram com que o número de membros caísse para menos de 20.000, o menor desde 1958.

Três Décadas na Hierarquia Patriarcal do Crime

Com 58 anos e o corpo fortemente tatuado com imagens de dragões e tigres, Nishimura navegou intermitentemente pela hierarquia patriarcal da Yakuza por três décadas. Onde a força bruta e a liderança autoritária prevaleciam, ela lutou para ser reconhecida. “Gangsters rivais me desprezavam só porque eu era mulher, o que eu odiava”, confessou.

Para conquistar seu espaço e ser vista como igual, ela aprendeu a “falar, a olhar e a lutar como um homem”. Nishimura afirma ter sido a primeira mulher yakuza oficialmente reconhecida pelas autoridades após ser presa por porte de drogas aos 22 anos. Embora dados oficiais sejam escassos, especialistas confirmam a extrema raridade de mulheres na máfia japonesa.

O ex-detetive Yuichi Sakurai, com 40 anos de carreira, nunca viu uma mulher yakuza, mas admite que algumas podem estar incluídas nos registros policiais que não especificam gênero.

A Nova Vida de Mako Nishimura: Do Crime à Reintegração

Após deixar o sindicato há cerca de cinco anos, Nishimura, magra e com cabelos loiros tingidos, encontrou emprego em canteiros de obras. Este é um dos poucos trabalhos que toleram suas tatuagens que cobrem todo o braço.

Sua paixão, contudo, é o apoio a outros ex-membros da máfia. Ela se orgulha de liderar a filial de Gifu da Gojinkai. Um dos beneficiados é Yuji Moriyama, de 55 anos. Ele e outros ex-gângsteres participam de viagens mensais de coleta de lixo, uma das atividades de ressocialização promovidas por Nishimura, a quem Moriyama descreve como “uma irmã mais velha”.

“A ideia de estar fazendo algo de bom para outras pessoas me dá confiança”, diz Nishimura, que afirma estar “lentamente voltando a ser uma pessoa normal”.

O Passado e a Esperança de Extinção da Yakuza

A jornada de Nishimura começou na adolescência, fugindo de um lar rígido. Aos 20 anos, ingressou em um grande clã yakuza, mergulhando em brigas, extorsões e venda de drogas ilegais. Ela chegou a cortar a ponta do próprio dedo em um ritual de autopunição da máfia.

Nos seus 20 e poucos anos, ela tentou deixar o crime para casar e criar seu filho. Motivada por um forte “instinto maternal”, ela tentou trabalhar nos setores de assistência médica e saúde, mas foi demitida por causa de suas tatuagens. Sem alternativas, ela voltou à venda de estimulantes.

Com quase 50 anos, retornou à sua antiga organização yakuza, mas a achou desorganizada e sem “dignidade”. A máfia, que prosperou no caos do pós-guerra, já não era a mesma. “A Yakuza costumava ser a rainha dos vilões”, comenta. Ver seu antigo chefe lutando por dinheiro a desiludiu, levando-a a abandonar o submundo definitivamente após seu aniversário de 50 anos.

Hoje, além do trabalho na Gojinkai, ela encontrou um novo mentor — Satoru Takegaki, presidente da Gojinkai e ex-gângster. Os lucros de sua recém-publicada autobiografia também a auxiliam.

“Acho que a yakuza vai continuar diminuindo”, conclui. “Espero que eles se extingam.”

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