
Mudanças climáticas no Japão podem cancelar atividades esportivas escolares até 2080. Descubra as previsões dos pesquisadores sobre os impactos do calor extremo.
As mudanças climáticas no Japão podem transformar profundamente o cenário das atividades extracurriculares escolares até o final do século. Segundo uma pesquisa conduzida pelo Instituto Nacional de Estudos Ambientais e a Universidade Waseda, o calor extremo entre 2060 e 2080 exigirá o cancelamento de exercícios físicos intensos em até três quartos das áreas do país.
Com base em dados climáticos dos últimos 12 anos, como temperatura, umidade e velocidade do vento, os pesquisadores desenvolveram um modelo preditivo detalhado. Esse modelo avalia o índice WBGT (Temperatura de Bulbo Úmido), amplamente usado para medir o risco de insolação, com precisão por hora — especialmente entre 15h e 18h, quando ocorrem a maioria das atividades dos clubes escolares.
As projeções mostram que, no cenário onde o uso de combustíveis fósseis continua sem controle, seis das oito regiões japonesas analisadas alcançarão níveis de calor incompatíveis com atividades ao ar livre. Em quatro delas, poderá ser necessário suspender completamente qualquer exercício externo durante os horários escolares. Mesmo com uma redução significativa nas emissões de gases de efeito estufa, cinco regiões ainda terão que impor restrições severas.
Tentativas de mitigar o problema, como antecipar os treinos para o início da manhã (entre 7h e 9h) ou mover as atividades para ambientes fechados, não se mostraram suficientes. Em até quatro regiões, mesmo essas alternativas não seriam eficazes diante do calor extremo previsto.
Os pesquisadores alertam que medidas pontuais não bastam. Será necessário repensar totalmente os cronogramas escolares, campeonatos e até mesmo a infraestrutura disponível para esportes. A construção de espaços cobertos e climatizados pode ser essencial para manter as práticas esportivas com segurança.
Um dos exemplos mais emblemáticos é o tradicional Campeonato Nacional de Beisebol do Ensino Médio, o Koshien. Mesmo com a adoção de um cronograma dividido para evitar os horários mais quentes do dia, o torneio pode precisar de transformações drásticas. O pesquisador Takahiro Oyama, especialista em biometeorologia, considera plausível transferir o evento para estádios cobertos ou mudar sua realização para o outono, como forma de preservar a saúde dos estudantes.
As mudanças climáticas no Japão não são apenas uma ameaça ao meio ambiente, mas também aos pilares culturais e educacionais do país. O esporte escolar, um dos alicerces da formação de jovens japoneses, poderá sofrer alterações radicais para se adaptar a uma nova realidade climática.


**Portal Mundo-Nipo**
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