Japão adota postura cautelosa nas negociações tarifárias com os EUA. Entenda os impactos das tarifas e do câmbio na economia japonesa.
Governo japonês evita concessões rápidas em meio à pressão dos EUA por acordos comerciais e questões cambiais
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, declarou que o país não pretende ceder facilmente nas negociações tarifárias entre Japão e EUA, destacando a necessidade de entender os argumentos dos Estados Unidos antes de qualquer acordo. A fala acontece às vésperas de novas rodadas de negociações comerciais entre as duas nações, em Washington.
Tarifas norte-americanas pressionam exportações japonesas
Mesmo com a suspensão temporária de algumas tarifas impostas por Donald Trump, uma tarifa geral de 10% e outra de 25% para automóveis permanece em vigor. Este cenário afeta fortemente o Japão, que tem nos EUA seu maior mercado de exportação — sendo os automóveis responsáveis por 28% desse comércio.
Japão adota postura estratégica nas negociações
Ishiba afirmou que não haverá pressa para fechar acordos, evitando concessões precipitadas. Ele reforçou que, apesar da pressão, o Japão não pretende impor tarifas de retaliação. Para ele, é fundamental compreender a lógica e as emoções por trás das políticas comerciais de Trump.
O Banco do Japão (BOJ) também manifestou preocupação. O governador Kazuo Ueda alertou que as tarifas podem impactar negativamente tanto a economia japonesa quanto a global.
Taxa de câmbio e política monetária entram em pauta
As discussões sobre o iene e as taxas de câmbio devem ocorrer separadamente, entre os ministros da Fazenda dos dois países. Os EUA têm criticado o Japão por manter um iene artificialmente fraco, o que favoreceria as exportações japonesas.
Especialistas apontam que um iene muito desvalorizado pode forçar o BOJ a antecipar o aumento das taxas de juros, enquanto uma valorização acentuada pode frear esse processo. A cotação do dólar caiu recentemente para 142,62 ienes, o que reacende o debate sobre a política monetária japonesa.
Impactos internos e medidas econômicas
Com o custo de vida em alta, parlamentares sugerem reduções de impostos ou repasses diretos em dinheiro à população para mitigar os impactos das tarifas e da inflação. O primeiro-ministro Ishiba indicou que não há planos imediatos para um orçamento suplementar, mas que o governo está preparado para agir se necessário.
Conclusão
As negociações tarifárias entre Japão e EUA mostram-se complexas e estratégicas. O Japão busca equilíbrio entre proteger sua economia exportadora, manter a estabilidade monetária e não ceder facilmente à pressão americana.
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