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Poder Oculto Wan Kuok Koi e a Rede Hongmen Ligações Inesperadas com o PCC

- 27 de junho de 2025
Explore as conexões entre Wan Kuok Koi, a rede Hongmen e o Partido Comunista Chinês, revelando uma intrincada trama de crime e influência política global.

Explore as conexões entre Wan Kuok Koi, a rede Hongmen e o Partido Comunista Chinês, revelando uma intrincada trama de crime e influência política global.

Em dezembro, Wan Kuok Koi, conhecido como “Dente Quebrado” e apontado como um dos mais poderosos chefões do crime da Ásia, reuniu-se em Macau. Embora vídeos mostrem sua aparente despreocupação, investigações em diversos países o ligam a golpes, fraudes e lavagem de dinheiro em larga escala. A Associação Mundial de História e Cultura de Hongmen, presidida por Wan, é alvo central das averiguações, revelando uma intrincada teia de conexões.

Hongmen Uma Fachada Criminosa com Laços Políticos

Aos 69 anos, Wan presidia a celebração como líder da Associação Mundial de História e Cultura de Hongmen, que se autodenomina uma organização fraternal. Contudo, o Tesouro dos EUA afirma que a associação serve de fachada para a tríade 14K, um dos maiores grupos do crime organizado da China, envolvido em “tráfico de drogas, jogos de azar ilegais, extorsão, tráfico de pessoas e uma série de outras atividades criminosas”.

Em 2020, o Tesouro dos EUA impôs sanções a Wan, à associação e a entidades relacionadas, classificando-as como parte de uma “poderosa rede de negócios” ilícita na Ásia-Pacífico. A proibição de transações com essas entidades pelos EUA buscava conter sua expansão.

Uma investigação aprofundada do Washington Post, no entanto, revela que a associação Hongmen vai além de uma suposta fachada criminosa. Ela está profundamente entrelaçada com o Partido Comunista Chinês (PCC) de maneiras inéditas. Sua rede, que cresce apesar das sanções, apoia consistentemente os objetivos políticos de Pequim no Sudeste Asiático, Pacífico e África, mesmo sob investigação em múltiplos países por fraudes, subornos, golpes online, lavagem de dinheiro e outros crimes.

A Expansão Global da Rede Hongmen

Os representantes de Wan têm expandido a presença da Hongmen nos últimos cinco anos, muitas vezes evitando acusações criminais ao se refugiar na China ou em jurisdições onde Pequim exerce forte influência. A investigação do Post, baseada em centenas de evidências e dezenas de entrevistas, confirmou que a Hongmen, enquanto envolvida em atividades criminosas, simultaneamente dissemina propaganda governamental chinesa, promove a unificação com Taiwan e intermedeia projetos para a Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI), o ambicioso projeto de infraestrutura de US$ 1 trilhão da China. A associação também oferece segurança a autoridades chinesas no exterior, contribuindo para o “grande rejuvenescimento da nação chinesa”.

Diplomatas e analistas observam que, em praticamente todos os países onde atua, membros da Hongmen estabelecem laços estratégicos com elites locais, úteis para a China. Em Uganda, por exemplo, membros da Hongmen criaram um centro de polícia ultramarina chinesa, instalações que, segundo grupos de direitos humanos e autoridades americanas, fazem parte das operações de espionagem de Pequim.

Essa estratégia se alinha à “Frente Unida” do líder chinês Xi Jinping, que visa expandir a influência da China utilizando cidadãos chineses no exterior, incluindo, seletivamente, criminosos que declaram lealdade ao PCC. Isso permite que prosperem, desde que suas atividades ilícitas não ameacem a estabilidade interna da China.

Casos Notáveis e Evidências

Um exemplo é Zhao Wei, um magnata chinês de cassinos que opera uma zona econômica especial no Sudeste Asiático, tornando-se um centro de tráfico e lavagem de dinheiro, apesar dos apelos para que Pequim controle suas atividades. Martin Thorley, analista sênior do GI-TOC, aponta evidências “extremamente convincentes” ligando a Hongmen a Pequim, incluindo fotos de Wan recebendo um prêmio por patriotismo de entidades do PCC. “Isso vai além da diplomacia clandestina”, afirmou Thorley. “Este é um crime profundamente enraizado na corrupção estatal.”

Após as sanções dos EUA, centros de golpes online ligados a Hongmen em Mianmar, Camboja e Laos continuaram a expandir-se, visando vítimas de fora da China para evitar a ira de Pequim. A rede Hongmen está sob investigação ativa por crimes financeiros na Malásia e em um caso de espionagem nas Filipinas. Tailândia e Palau também investigaram a Hongmen por jogos de azar online e centros de golpes. Em Palau, Wan foi banido em 2019 após tentar garantir terras próximas a radares americanos, mas indivíduos ligados a ele continuam ativos na ilha.

Expansão para a África e Imunidade

Operações de golpes online e tráfico de pessoas, semelhantes às atribuídas à Hongmen na Ásia, surgiram na África, com Uganda e África do Sul tornando-se novos centros de crimes financeiros. “Há indícios crescentes de que grandes redes criminosas asiáticas estabelecem conexões e operações no continente e exploram vulnerabilidades semelhantes às presentes no Sudeste Asiático”, afirmou o UNODC.

Um ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA descreve uma crescente cooperação entre autoridades chinesas e grupos do crime organizado chinês no exterior. Apesar das alegações de Pequim de que Wan não tem laços com o PCC, registros públicos e visuais mostram contato contínuo, incluindo a participação de Wan em órgãos consultivos do partido e reuniões com autoridades chinesas.

A Hongmen, diferentemente das tríades tradicionais, opera como uma “constelação de estruturas empresariais”, facilitando sua rápida expansão no Sul Global. A criptomoeda Hongbi, lançada pela associação, foi um exemplo de esquema “pump and dump”, beneficiando a Hongmen e Wan.

O Escândalo e a Tolerância do PCC

Investigações sobre a Hongmen e seus membros, como Nicky Liow na Malásia e Bai Zhaohui na Tailândia, revelam a dificuldade das autoridades em cooperar com a China. Apesar de Wan negar envolvimento em atividades ilícitas, a polícia malaia e filipina continuam investigando sua suposta participação em fraudes e lavagem de dinheiro, incluindo conexões com figuras como a prefeita filipina Alice Guo.

Um acadêmico malaio sugere que o PCC tolera as atividades criminosas da Hongmen em troca de sua capacidade de realizar “operações de influência” em países estratégicos. A Hongmen tem expandido suas operações para a África, com Bai Zhaohui registrando uma empresa na Cidade do Cabo após fugir da Tailândia.

Apesar da repressão global de Pequim a golpistas, a rede Hongmen permanece relativamente intocada, continuando suas operações fraudulentas globalmente. Sua capacidade de prosperar, mesmo sob sanções, e sua aceitação por elites cambojanas, que apoiam a China em questões sensíveis, evidenciam uma complexa relação de interesse mútuo. Uma recente inauguração de uma loja Hongmen em Phnom Penh, mais uma projeção de poder do que um negócio, reforça a ideia de que a associação é um centro de reuniões para seus membros, não um empreendimento comercial comum.

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