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Quais são as vantagens e desvantagens da mão de obra brasileira em relação à asiática

- 6 de outubro de 2020

Ultimamente é comum depararmos com pessoas de etnias asiáticas (filipinos, malasianos, vietnamitas, chineses, etc.) no Japão. A população de asiáticos que imigram ao Japão à trabalho tem crescido a cada ano, passando a ser um grande concorrente no mercado de trabalho japonês aos brasileiros.

Em poucos anos desde o início da entrada de asiáticos no Japão, a população de vietnamitas e filipinos ultrapassaram em larga escala a de brasileiros.
As pessoas destas etnias ingressam no Japão através de um lei de imigração diferente aos dos descendentes de japoneses, vem como estagiários para trabalhar em uma determinada empresa, com prazo definido de estadia no Japão, sem direito a renovação de visto japonês.

Os estagiários asiáticos estudam a língua japonesa em sua terra natal, a fim de elevar o nível de conversação e escrita, este período é no mínimo de seis meses.

Vamos fazer uma análise na ótica do empregador. Como toda escolha, há vantagens e desvantagens ao empregador tanto na modalidade de trabalhadores asiáticos como a de descendentes de japoneses (brasileiros, peruanos, etc.).

INVESTIMENTO INICIAL

Na modalidade asiático, o custo para a contratação é mais alta que a de brasileiros descendentes de japoneses. O custo que inclui o período de capacitação do idioma japonês | passagem aérea | honorários da agenciadora, gira em torno de 1.000.000 de ienes. Há empreiteiras que investem em escolas de idioma japonês no Vietnã, Filipinas e demais países que possuem permissão de entrada no Japão.

Na modalidade brasileira, o custo de contratação gira em torno de 350.000 ienes, isto inclui passagem aérea | honorários do agenciador.
As despesas são pagas aos agenciadoras em ambas as modalidades pela empreiteira e descontadas no salário do recurso de forma parcelada no Japão.

Neste quesito, a modalidade de trabalhadores brasileiros leva a vantagem.

INVESTIMENTO EM APARTAMENTOS E LOCAÇÕES

A empreiteira sempre fica incumbida de providenciar a acomodação aos funcionários. A locação de apartamentos é um grande custo ao empregador, devemos ressaltar despesas de luvas (reikin) | depósito para reforma (shikikin) | utensílios domésticos (geladeira, fogão, máquina de lavar e lustre). Além deste custo, há a despesa dos apartamentos que ficam locados sem morador.

Na modalidade asiático, os estagiários aceitam dividir o quarto do apartamento com pelo menos 4 pessoas. Isso significa que o empregador precisa de menor número de apartamentos locados para alojar seus funcionários.

Na modalidade brasileira, os brasileiros prezam pela qualidade da moradia. Neste caso o empregador precisa investir em kitnet (1k) e apartamentos de 2 quartos (2DK). É necessário um número maior de apartamentos para alojar seus funcionários.

Neste quesito, a modalidade de trabalhadores asiáticos leva a vantagem.

TEMPOS DE PERMANÊNCIA DO FUNCIONÁRIO NA FÁBRICA ALOCADA

Na modalidade asiático, os estagiários desembarcam no Japão com contrato de 3 a 5 anos, o visto não permite a mudança de empregador, ou seja, o funcionário fica estável num mesmo emprego até a finalização de seu contrato.

Na modalidade brasileira, o visto de permanência no Japão não é atrelado ao empregador, está relacionado ao seu status de descendente de japonês (nisei, sansei e cônjuge ou yonsei).
Como o visto não está atrelado ao empregador ou segmento de atuação, o visto de permanência permite mudança de empregador. Não há garantia que o recurso trabalhe por 3 anos, 1 anos ou mesmo 1 dia.

Neste quesito, a modalidade de trabalhadores asiáticos é mais vantajoso ao empregador.

DESEMPENHO

Na modalidade asiático, os estagiários possuem um prazo de contrato a cumprir, mas o empregador também precisa mantê-los empregados durante a vigência do contrato. Isso significa estabilidade de emprego. Como tudo que oferece estabilidade de emprego sem a possibilidade de crescimento profissional na empresa em que trabalha, o trabalhador costuma-se a acomodar, não é proativo.

Na modalidade brasileira, não há nenhuma garantia em relação à estabilidade de emprego, isso faz com que o recurso se esforce para poder se manter no emprego.

Neste quesito, a modalidade de trabalhador brasileiro leva vantagem em relação aos asiáticos.

FLEXIBILIDADE DE RECURSO

Todo segmento sofre das altas e baixas do negócio (estação do ano, período de volta às aulas, datas festivas, etc.), de desastres naturais (terremoto, tornado, etc.), câmbio da moeda (exportação e importação), aceitação de um novo produto no mercado, entre outros fatores que impactam no business.

Na modalidade asiático, os estagiários possuem um prazo de contrato a cumprir e o empregador precisa mantê-los empregado até o fim do contrato. Isso não permite a redução da folha salarial em época de baixa produção.

Na modalidade brasileira, a Lei Trabalhista do Japão permite que o empregador realize o distrato do contrato de trabalho sem ônus para ambas as partes caso o aviso seja feito com 30 dias de antecedência. Isso permite ao empregador aumentar ou reduzir a sua equipe em um prazo muito curto de tempo, atendendo às necessidades do negócio.

Neste quesito, a modalidade do trabalhador brasileiro leva vantagem em relação aos asiáticos.

OFERTA DE MÃO DE OBRA

O Japão atravessa um período de escassez de mão de obra. Os japoneses não tem apreciado trabalhar em fábricas, preferem atuar no setor terciário. A mão de obra estrangeira é a solução para atender esta demanda reprimida.

Na modalidade asiático, há oferta em grande escala de mão de obra, tem grande capacidade para atender a demanda de recursos das fábricas.

Na modalidade brasileira, o público de segunda e terceira geração japonesa é cada vez mais escassa. A imigração japonesa no Brasil supera os 110 anos, ou seja, pessoas de segunda e terceira geração estão na maioria envelhecida, fora da fase ativa de trabalho.

Neste quesito, a modalidade do trabalhador asiático leva a vantagem.

CONCLUSÃO

De acordo com esta análise, há quesitos em que o asiático leva vantagem, em outros os brasileiros se saem melhor. Nesta análise o resultado foi de empate, 3 x 3.

Mas é importante ressaltar que os asiáticos vieram para ficar, os brasileiros precisam se capacitar, domínio do idioma japonês, qualificação de trabalho (solda, guindaste, lift, etc.) serão primordiais para vencerem esta concorrência.

Portal Mundo-Nipo
Sucursal Japão Tóquio
Jonathan Miyata