Impacto dos Governos Conservadores nas Relações Intercoreanas. Postura linha-dura de Seul resulta em mais testes de armas por Pyongyang.
POHANG, Coreia do Sul — A Coreia do Sul está dividida em relação à ameaça representada pela Coreia do Norte, especialmente com seu acúmulo de armas nucleares. Essa divisão reflete uma história tumultuada de guerra, ditadura e crescimento econômico desigual.
Pessoas mais velhas e conservadoras tendem a se preocupar mais com a Coreia do Norte do que os liberais e os jovens, embora essa não seja uma regra absoluta. Muitos jovens também temem um ataque, enquanto alguns idosos, acostumados com as ameaças, não se preocupam tanto.
As relações entre as Coreias geralmente melhoram sob governos liberais na Coreia do Sul, que buscam diálogo, e pioram sob líderes conservadores, como o atual presidente linha-dura. Uma postura dura em Seul frequentemente resulta em mais testes de armas por Pyongyang e declarações belicosas, levando a uma cobertura frenética da mídia sul-coreana.
Apesar das ameaças, muitos sul-coreanos desconsideram o perigo nuclear, pois o Norte raramente cumpre suas promessas de ataques em larga escala. No entanto, o rápido desenvolvimento nuclear e de mísseis da Coreia do Norte causa angústia em alguns.
A Associated Press entrevistou dezenas de sul-coreanos para entender essa percepção fragmentada. Kim Jaehyun, um estudante de direito de 22 anos, teme um ataque nuclear e estoca equipamentos militares. Já Shin Nari, uma estudante de mestrado, leva a ameaça muito a sério e tem um estoque de emergência.
A Coreia do Sul está tecnicamente em guerra com o Norte desde o fim da Guerra da Coreia em 1953. A inquietação no Sul está ligada ao programa nuclear do Norte, que começou na década de 1990. Especialistas estimam que Pyongyang tenha até 60 ogivas nucleares.
Alguns acreditam que Kim Jong Un não arriscará uma guerra devido à aliança militar EUA-Coreia do Sul. No entanto, há dúvidas sobre o compromisso dos EUA em proteger o Sul, com pesquisas mostrando que mais da metade dos sul-coreanos quer que Seul desenvolva suas próprias armas nucleares.
A opinião pública sul-coreana é difícil de avaliar. Muitos veem as tensões com o Norte como um dado adquirido, enquanto outros têm fé na aliança com os EUA. Uma pesquisa de 2023 mostrou que 45% dos sul-coreanos estão preocupados com o programa nuclear do Norte.
A ansiedade aumentou após grandes provocações, como os testes nucleares. Em 1994, multidões esvaziaram estoques de alimentos após uma ameaça norte-coreana. Desde então, os sul-coreanos se acostumaram a essa retórica.
A recente postura do presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol rejeita a legitimidade da Coreia do Norte e a ideia de unificação gradual, o que pode aumentar as tensões intercoreanas.
Alguns sul-coreanos, como Jung Myungja, estão tomando medidas para se proteger. Ela contratou uma empresa para construir um bunker em sua casa, temendo um ataque nuclear.
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