
A fotografia sexualizada de atletas femininas é um problema crescente. Saiba como inovações e leis estão ajudando a proteger as competidoras e preservar seu direito à privacidade.
O problema da fotografia sexualizada de atletas femininas tem se tornado cada vez mais sério, especialmente com o avanço da tecnologia e o uso das redes sociais. Imagens e vídeos de competidoras, muitas vezes editados de forma a destacar suas partes do corpo de maneira íntima, circulam online sem o consentimento delas. Embora organizações esportivas e federações estejam tomando medidas, uma solução definitiva ainda está longe de ser encontrada.
Inovações para Combater a Fotografia Invasiva
Nas Olimpíadas de Paris 2024, a seleção japonesa de vôlei feminino introduziu uniformes inovadores que usaram tecido infravermelho opaco. Desenvolvido pela Mizuno, uma fabricante de equipamentos esportivos japonesa, esse tecido impede que câmeras infravermelhas, que podem revelar roupas íntimas e pele, tirem fotos invasivas. Atletas femininas que usaram o uniforme relataram sentir-se mais confortáveis e protegidas, sabendo que suas imagens não seriam exploradas de forma inadequada.
Além do vôlei, seleções femininas de outros esportes, como tênis de mesa e hóquei, também adotaram esses uniformes inovadores, recebendo reconhecimento internacional da mídia, especialmente nos EUA, França, Reino Unido e Alemanha.
O Passado e as Medidas de Proteção
Este problema não é novo. Desde a década de 1990, várias imagens sexualizadas de atletas femininas começaram a circular pela internet. Em resposta, a Japan Triathlon Union e outras federações começaram a implementar regras mais rigorosas para proibir fotógrafos não autorizados em eventos esportivos. A partir de 2004, a Japan Gymnastics Association e a Federação de Patinação Artística também proibiram a fotografia de espectadores.
Em 2020, o Comitê Olímpico Japonês (JOC) recebeu várias queixas de atletas femininas sobre a distribuição de imagens que exploravam suas partes do corpo em plataformas de mídia social, violando seus direitos humanos. A partir daí, o JOC colaborou com outras organizações esportivas para implementar uma série de medidas de proteção, incluindo campanhas de conscientização e um sistema para denunciar incidentes de voyeurismo.
Novas Leis e Ações Governamentais
Com a crescente pressão sobre esse tema, algumas regiões do Japão tomaram ações legais. Em 2020, a Prefeitura de Kyoto introduziu uma nova lei que tornou crime tirar fotos de seios e partes inferiores de atletas, mesmo quando cobertos por roupas. Em 2023, a polícia da prefeitura enviou documentos sobre casos de voyeurismo em competições de atletismo, e em 2024, a Prefeitura de Fukuoka aprovou uma lei que define a fotografia ilegal em locais esportivos como “violência sexual”.
Além disso, o governo central do Japão também promulgou uma lei em 2023 para combater a fotografia voyeurística, embora ela tenha limitações quanto à aplicação em casos envolvendo uniformes esportivos. Naoya Yanagiya, do Comitê Olímpico Japonês, enfatizou a necessidade de uma legislação mais eficaz para proteger as atletas femininas.
O Papel da Mizuno e o Futuro das Medidas Protetivas
Em 2024, a Mizuno anunciou uma atualização em seus uniformes, melhorando o tecido usado para combater câmeras infravermelhas. A empresa continua comprometida em criar um ambiente seguro para as atletas femininas, permitindo que elas se concentrem em seu esporte sem a preocupação de serem sexualizadas por suas imagens.
Conclusão
Embora ainda existam desafios legais e culturais para combater a fotografia indecente de atletas femininas, o esforço conjunto de organizações esportivas, governos e fabricantes de equipamentos está contribuindo para um ambiente mais seguro e justo para as mulheres no esporte. A conscientização e a implementação de medidas de proteção, como a inovação da Mizuno, são essenciais para garantir que as atletas femininas possam competir com dignidade e respeito.


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