Cresce o descontentamento em Tóquio com a construção de data centers gigantes em áreas residenciais, gerando debates sobre o impacto ambiental e urbano.
O descontentamento está crescendo na área metropolitana de Tóquio devido a propostas para construir data centers gigantes em áreas residenciais. Moradores preocupados com a natureza imponente dessas instalações “estranhas” e as empresas que as operam buscam um melhor relacionamento. Apesar do investimento pesado em centros digitais para atender às demandas de armazenamento e processamento da computação em nuvem e inteligência artificial, alguns projetos estão sendo descartados devido à forte oposição dos residentes, que citam escassez de eletricidade, ilhas de calor e obstrução da luz natural.
Data Centers Gigantes na Mira dos Moradores
Na cidade de Hino, em Tóquio, a proposta de três data centers, incluindo um prédio de cinco andares e 72 metros de altura com conclusão prevista para 2031, gerou grande controvérsia. Essa estrutura, que seria a mais alta da cidade, é vista como um ponto de discórdia. Uma associação residencial exige a interrupção do projeto, alegando que ele não cumpre uma lei municipal que limita a altura de edifícios residenciais a 25 metros. A instalação, que demandará segurança rigorosa, também consumirá uma enorme quantidade de eletricidade e gerará calor significativo.
Eizo Tsutsumizaki, 71, chefe da associação de moradores, afirmou que a proprietária do projeto, Mitsui Fudosan Co., Ltd., não forneceu uma explicação aceitável. A Mitsui Fudosan, por sua vez, considera reduzir a altura do prédio e planeja construir um novo parque e calçada no local para beneficiar a comunidade.
Reações em Outras Regiões
Em Inzai, província de Chiba, conhecida por seus muitos data centers, planos para um prédio de mais de 50 metros de altura em frente a uma estação causaram um alvoroço em abril. A área já abriga 114 data centers, e a nova estrutura adicionaria à sua natureza imponente. O prefeito Kengo Fujishiro expressou sua desaprovação nas redes sociais, afirmando que o local não é apropriado para tal instalação.
Em Nagareyama, também em Chiba, um plano de 2022 para construir um data center foi retirado devido à oposição dos moradores, demonstrando um padrão de resistência em várias localidades.
Por Que o Japão? O Dilema da Localização
O conflito entre moradores e gigantes da tecnologia reflete a dificuldade em encontrar locais adequados no Japão, apesar de ser considerado um destino atraente para investimentos em data centers. O Japan Data Center Council aponta que o país possui infraestrutura superior e um ambiente político estável em comparação com outros países asiáticos.
No entanto, os locais propostos tendem a se concentrar em grandes cidades, onde o acesso a trabalhadores e a infraestrutura de telecomunicações são robustos. Naohiro Masunaga, diretor executivo do JDCC, observa que “os únicos locais adequados são Tóquio, Osaka e seus subúrbios”. Com as opções escassas, as empresas veem-se forçadas a considerar áreas residenciais.
Com a demanda por processamento de dados crescendo exponencialmente, as instalações de data centers estão se tornando cada vez maiores, incluindo os data centers de hiperescala com mais de 15.000 metros quadrados, essenciais para computação em nuvem, big data e IA generativa. Fumito Haga, gerente do Fuji Chimera Research Institute, prevê um aumento contínuo no número de data centers gigantes.
Buscando Soluções e Diálogo
Alguns municípios estão tomando iniciativas para gerenciar a situação. Em abril, o distrito de Koto, em Tóquio, passou a exigir que os proprietários de data centers instalem placas informativas sobre a construção mais cedo, indicando claramente a localização das unidades externas emissoras de calor. Inzai, por sua vez, estuda impor restrições à construção de data centers próximos a áreas residenciais.
Masunaga, do JDCC, ressalta a importância da transparência: “Neste momento, a ansiedade está prevalecendo. É importante que os empresários divulguem informações e trabalhem constantemente para construir confiança com as comunidades afetadas.”


**Portal Mundo-Nipo**
Sucursal Japão
