O Origami Kaikan em Tóquio é um tesouro de papel, arte e tradição. Conheça a história e a paixão por trás das criações de origami em um dos centros mais importantes da arte no Japão.
Em meio ao bairro de Bunkyo, em Tóquio, o Ochanomizu Origami Kaikan se destaca. Turistas e moradores se encantam com as criações de origami expostas na vitrine, que convidam a descobrir um mundo onde o papel se transforma em arte. Lá dentro, uma tradição centenária é mantida viva por artistas que utilizam papéis tingidos à mão.
O diretor do centro, Kazuo Kobayashi, de 83 anos, recebe os visitantes com a mesma paixão de sempre. “Você pode até fazer origami com um guardanapo de papel. Basta dobrá-lo ao meio duas vezes. Amarrá-lo e pronto — você fez uma bailarina”, diz ele, mostrando a simplicidade e a beleza da arte. Kobayashi demonstra como dobrar um cisne e um sol nascente para visitantes estrangeiros, que representam a maior parte da clientela, cerca de 70% a 80%.
História e Tradição: Mais que uma arte
A história do Ochanomizu Origami Kaikan é tão rica quanto suas criações. A loja de tingimento de papel que deu origem ao centro foi fundada em 1858 pelo tataravô de Kobayashi. Na era Meiji (1868-1912), o governo introduziu o origami na educação infantil e, a pedido do Ministério da Educação, a loja criou o primeiro papel de origami quadrado do mundo.
O salão foi inaugurado em 1972 como um centro de compartilhamento e a empresa mudou seu nome para Ochanomizu Origami Kaikan. No local, é possível ver artesãos tingindo papéis washi à mão, utilizando uma técnica que resulta em um material fino, durável e ideal para dobras complexas. Esse papel especial, feito da planta kozo, dá vida a animais tridimensionais e outras obras de arte que são exibidas em uma galeria no andar intermediário.
A paixão de um mestre
Kazuo Kobayashi dedicou sua vida a disseminar a arte do origami. Após a Segunda Guerra Mundial, o origami se tornou uma forma de arte japonesa conhecida mundialmente. Aos 30 anos, Kobayashi começou a viajar pelo país e ao exterior para dar aulas e palestras, com a missão de mostrar que qualquer pessoa, independentemente da idade ou sexo, pode se divertir com origami.
Sua filosofia é simples: “Eles [os turistas estrangeiros] vieram até aqui, então quero que saiam felizes.” Um sorriso largo no rosto de Kobayashi ao fim de uma demonstração resume o espírito do local: um ambiente de aprendizado, felicidade e celebração de uma das mais belas artes japonesas.


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