Trabalhadores estrangeiros no Japão enfrentam exploração, desaparecimentos e emprego ilegal. Entenda os impactos e as reformas previstas.
O número de trabalhadores estrangeiros no Japão atingiu um recorde em 2023, ultrapassando 2,3 milhões. Apesar do crescimento, aumentam os casos de desaparecimento e emprego ilegal, revelando um cenário preocupante para quem busca melhores condições de vida no país.
Crescimento da mão de obra estrangeira
O Japão tem enfrentado escassez de mão de obra, especialmente em setores como agricultura e serviços. Para suprir essa demanda, empresas têm contratado estrangeiros, com destaque para os vietnamitas, que somam cerca de 570 mil trabalhadores.
Em Tokushima, estagiários técnicos vindos do Vietnã e Mianmar atuam em fazendas e programas de qualificação. Em uma propriedade agrícola, 17 dos 40 funcionários são estrangeiros, evidenciando a dependência do país por essa força de trabalho.
Promessas e realidade
Muitos estrangeiros chegam ao Japão atraídos por salários mais altos. Algumas empresas oferecem até 1.400 ienes por hora para profissionais qualificados. No entanto, há relatos de assédio, violência e condições precárias. Intermediários exploradores prometem ganhos maiores, levando trabalhadores a trocar de emprego ilegalmente.
Em 2023, mais de 6.500 estagiários desapareceram após chegarem ao país. Um dos casos envolveu um vietnamita que buscava pagar dívidas e enviar dinheiro à família. Ele foi preso e deportado após mudar de emprego sem autorização.
Casos de emprego ilegal
Na província de Nara, Ryuuji Ohashi e dois associados foram presos por empregar vietnamitas sem autorização em Osaka. Em Kobe, três pessoas foram detidas por obrigar estrangeiros a trabalhar como cabeleireiros sem qualificação.
Esses casos revelam falhas no sistema de fiscalização e na proteção dos trabalhadores.
Apoio e denúncias
Organizações de apoio recebem de 10 a 20 denúncias diárias, que vão de demissões injustas a agressões físicas. Um trabalhador relatou ter sido agredido por seu supervisor após apenas três meses no Japão.
Segundo Yoshimizu, líder de uma ONG que apoia vietnamitas, o problema vai além dos baixos salários. Intermediários continuam atraindo trabalhadores com promessas enganosas.
Reformas no sistema de estagiários
Especialistas criticam o programa de estagiários técnicos, alegando má gestão e abusos. O governo japonês planeja substituí-lo por um novo sistema em dois anos, permitindo troca de empresa sob certas condições. A expectativa é de melhorias, mas sem fiscalização rigorosa, os problemas podem persistir.


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