Católicos LGBTQ+ vivem acolhimento histórico em peregrinação no Ano Santo em Roma
Católicos LGBTQ+ e suas famílias viveram um momento histórico em Roma durante a peregrinação oficial do Ano Santo. Mais de 1.000 fiéis de diversas partes do mundo atravessaram a Porta Santa da Basílica de São Pedro, celebrando uma nova era de acolhimento e espiritualidade dentro da Igreja Católica.
Emoção e fé na Porta Santa
Durante o rito sagrado de passagem, muitos participantes se emocionaram. Justin del Rosario, dos Estados Unidos, carregou um grande crucifixo ao lado do marido até a entrada da Basílica. Ele descreveu a experiência como “épica” e comparou ao toque da mão de Deus. Para muitos, esse gesto simboliza reconciliação após anos de rejeição.
Participação reconhecida, mas não oficial
Embora o Vaticano tenha incluído a peregrinação no calendário oficial do Ano Santo, deixou claro que isso não equivale a patrocínio ou endosso institucional. O objetivo foi facilitar a organização do evento. A ONG italiana Jonathan’s Tent liderou a mobilização, junto a outros grupos como DignityUSA, Outreach (EUA), uma rede de mulheres trans de Roma e a Rede Nacional Brasileira de Grupos Católicos LGBT+.
De marginalizados a reconhecidos
Marianne Duddy Burke, da DignityUSA, destacou o contraste com a peregrinação de 25 anos atrás, quando fiéis LGBTQ+ foram tratados como ameaça. Desta vez, o convite para cruzar a Porta Santa de forma plena e reconhecida simbolizou um marco de fé, identidade e dignidade. Muitos consideraram esse momento como um divisor de águas dentro da Igreja.
O papel de Francisco e a continuidade com o Papa Leão
A mudança na atitude da Igreja é atribuída, em grande parte, ao Papa Francisco. Desde 2013, ele adotou um tom mais inclusivo, famoso por dizer “Quem sou eu para julgar?” ao se referir a um padre homossexual. Embora os ensinamentos doutrinários permaneçam os mesmos, o pontífice permitiu bênçãos a casais do mesmo sexo e se reuniu com defensores LGBTQ+, inclusive com mulheres trans.
O recém-eleito Papa Leão também tem dado sinais de continuidade nesse caminho. Após críticas a comentários antigos sobre “estilo de vida homossexual”, ele se reuniu com o padre James Martin, conhecido por sua atuação em defesa da inclusão LGBTQ+ na Igreja. Segundo Martin, o novo Papa demonstrou o mesmo espírito acolhedor de seu antecessor.
Fé restaurada e dignidade reafirmada
Durante uma missa celebrada pelo bispo italiano Francesco Savino, os peregrinos ouviram uma mensagem emocionante sobre esperança, perdão e restauração da dignidade. Savino ressaltou que o Jubileu é um momento para devolver a dignidade a quem foi excluído — e os presentes aplaudiram de pé.
Del Rosario, que cresceu na fé católica e se afastou por se sentir rejeitado, disse que agora se sente plenamente acolhido. “O Papa Francisco me trouxe de volta à Igreja. O Papa Leão fortaleceu minha fé”, declarou emocionado.


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