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Convivência Multicultural Japão Relato de um Nepalês e o Desafio da Integração

- 24 de outubro de 2025
O nepalês Jigyan Kumar Thapa relata a hostilidade no Japão ao usar seu topi, reacendendo o debate sobre a Convivência Multicultural Japão. Descubra sua luta pela aceitação.

O nepalês Jigyan Kumar Thapa relata a hostilidade no Japão ao usar seu topi, reacendendo o debate sobre a Convivência Multicultural Japão. Descubra sua luta pela aceitação.

O caso de Jigyan Kumar Thapa, um nepalês residente há 25 anos na província de Kanagawa, reacendeu o debate sobre a Convivência Multicultural Japão. Em um incidente chocante, enquanto voltava para casa de trem, um homem o confrontou asperamente: “Isto é o Japão, então não traga cultura estrangeira — conforme-se ao Japão”.

O foco da crítica era o topi, o tradicional chapéu nepalês que Thapa usava regularmente. Chocado e temeroso, ele desceu do trem sem reagir. Esta experiência, a primeira desse tipo em mais de duas décadas de vida no Japão, o levou a desabafar nas redes sociais, expondo a crescente “distância” sentida pelos estrangeiros.

A Reação Polarizada nas Redes Sociais

Naquela noite, Thapa postou sobre o incidente no X (anteriormente Twitter), expressando o medo que sentiu ao ser olhado negativamente por usar seu chapéu. Apesar das 16,28 milhões de visualizações e mais de 3.000 respostas, a reação foi polarizada.

  • Comentários Negativos: Publicações críticas dominaram, muitas focadas em crimes ou más condutas de estrangeiros, culpando-o indiretamente: “Você colhe o que planta — é carma.”
  • O Impacto na Comunidade: O incidente e a subsequente reação causaram grande desconforto na comunidade nepalesa, gerando medo de hostilidade ao usar o topi.

Thapa, para quem o topi é um item formal essencial, agora o esconde em público por medo de novos confrontos.

Uma Vida Dedicada à Integração

A jornada de Thapa no Japão começou em 2000, inspirado por um voluntário japonês. Sua dedicação ao país é inegável: ele trabalhou arduamente, estudou em universidades e se empenhou em atividades de integração.

Em seu esforço para promover a Convivência Multicultural Japão, ele chegou a escrever a um diretor de escola primária para cooperar, sendo convidado a interagir com alunos, ensinando sobre o Nepal. Esse engajamento o fez sentir-se aceito pela primeira vez.

Estrangeiros São Apenas “Mão de Obra Temporária”?

Com 3.768.977 residentes estrangeiros no final de 2024 – um número recorde impulsionado pela necessidade de mão de obra (saúde, construção, etc.) – a presença estrangeira é vital para a economia japonesa. No entanto, atritos e a retórica política, como a postura de “zero estrangeiros ilegais” de partidos políticos, intensificam a sensação de que estrangeiros são vistos apenas como mão de obra temporária, e não como membros da sociedade.

“Chegamos ao ponto em que a sociedade não poderia funcionar sem os estrangeiros fazendo trabalho braçal, mas parece que eles são vistos apenas como mão de obra temporária,” desabafa Thapa.

A Missão de Thapa Um Passo para a Sociedade Multicultural

Thapa trabalha na Fundação Internacional de Kanagawa, promovendo a Convivência Multicultural Japão. Ele também ensina aos nepaleses a importância de seguir leis e costumes locais, publicando até um livro de dicas para viver no Japão. Sua persistência é resumida pelo provérbio “Uma jornada de mil milhas começa com um único passo”.

Em sua segunda postagem, ele tentou esclarecer seu amor e gratidão pelo Japão, destacando seu respeito às regras, mas o retorno continuou majoritariamente hostil: “Por que você não volta para seu país? Os japoneses estão fartos de estrangeiros.”

Apesar das críticas, Thapa, que tem residência permanente e contribui com impostos, mantém sua convicção. Sua mensagem aos líderes políticos é clara: “Quero que vocês nos vejam como amigos que apoiam a sociedade. Em vez de alimentar a divisão, transmitam à próxima geração uma sociedade onde todos possamos viver juntos em paz.”

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