O Julgamento Tetsuya Yamagami, assassino de Shinzo Abe, começa. Entenda a ligação do crime com a Igreja da Unificação, doações e as implicações políticas no Japão.
O Julgamento Tetsuya Yamagami, o homem indiciado pelo assassinato do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, tem início esta semana, três anos após o crime que chocou o Japão e expôs as controvertidas ligações entre a Igreja da Unificação e políticos. Yamagami, de 45 anos, deve se declarar culpado pela morte de Abe, o premiê com o mandato mais longo no Japão pós-guerra, e sua defesa deve alegar que sua criação foi marcada por “abuso religioso”, conforme fontes próximas ao caso.
O Caso Yamagami Os Detalhes do Crime e o Início do Julgamento
Tetsuya Yamagami é acusado de ter atirado fatalmente em Shinzo Abe com uma arma de fogo artesanal durante um discurso de campanha eleitoral em Nara, no oeste do Japão, em 8 de julho de 2022. O julgamento no Tribunal Distrital de Nara está agendado para começar nesta terça-feira, com conclusão prevista para 18 de dezembro e a decisão final esperada para 21 de janeiro.
O motivo do crime, segundo as investigações, reside no rancor de Yamagami contra a Igreja da Unificação. Ele alegou que sua família sofreu ruína financeira devido às grandes doações (cerca de 100 milhões de ienes ou US$ 650.000) feitas por sua mãe ao grupo religioso. Ele escolheu Abe como alvo por acreditar que o avô do ex-premiê, Nobusuke Kishi, auxiliou na introdução do grupo no Japão.
- Acusado: Tetsuya Yamagami, 45
- Vítima: Shinzo Abe, ex-primeiro-ministro
- Local e Data do Crime: Nara, 8 de julho de 2022
- Motivação Alegada: Ressentimento contra a Igreja da Unificação devido a doações da mãe.
O Papel da Igreja da Unificação no Julgamento
A Igreja da Unificação tem sido alvo de intenso escrutínio devido às suas práticas agressivas de solicitação de doações. O assassinato de Abe trouxe à tona não apenas essas práticas, mas também a rede de contatos do grupo religioso com legisladores do Partido Liberal Democrata (PLD), que Abe já liderou, gerando uma forte reação pública.
A defesa de Yamagami solicitou o depoimento da mãe do acusado e de um estudioso religioso, destacando a relevância do abuso religioso na argumentação.
O tiroteio também deu visibilidade ao sofrimento dos filhos de membros da igreja, conhecidos como seguidores de “segunda geração”. Em resposta, o governo japonês emitiu diretrizes no final de 2022 para abordar casos de abuso infantil, mental e físico, relacionados a crenças religiosas.
Situação Atual da Igreja e Segurança no Japão
Fundada em 1954 na Coreia do Sul, a Igreja da Unificação enfrenta a possibilidade de dissolução no Japão. O Tribunal Distrital de Tóquio ordenou sua dissolução em março, citando anos de arrecadação de fundos maliciosa, embora o grupo tenha recorrido da decisão.
Além da acusação de homicídio, Yamagami também foi indiciado por:
- Causar danos a um prédio (disparos de teste).
- Violação de leis sobre armas de fogo e explosivos.
O incidente também motivou uma revisão rigorosa na equipe de segurança de políticos em um país conhecido pela sua baixa taxa de violência armada.
O Julgamento Tetsuya Yamagami promete lançar luz não apenas sobre o assassinato de um líder político proeminente, mas também sobre as complexas questões de influência religiosa, abuso financeiro e segurança pública no Japão.


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