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O tabu de 40 anos que escondeu o polêmico filme sobre Mishima no Japão

- 3 de dezembro de 2025
Após quatro décadas de espera, o polêmico filme sobre a vida e o suicídio do escritor Yukio Mishima é finalmente exibido no Japão. Entenda os motivos do longo embargo.

Após quatro décadas de espera o polêmico filme sobre Mishima dirigido por Paul Schrader finalmente estreou no Japão. Entenda o tabu por trás da obra.

Após uma espera de quatro décadas, o aclamado filme “Mishima: Uma Vida em Quatro Capítulos” finalmente estreou em solo japonês. A exibição ocorreu durante o recente Festival Internacional de Cinema de Tóquio (TIFF), quebrando um longo silêncio sobre a obra. Por 40 anos, permaneceu um mistério o motivo pelo qual a cinebiografia do complexo escritor Yukio Mishima (1925-1970) nunca havia sido lançada em seu país natal após sua estreia mundial em 1985.

O tema tabu de Yukio Mishima

O diretor americano Paul Schrader, responsável pelo filme, esclareceu que a longa demora ocorreu porque Yukio Mishima era considerado um “tema tabu” na época do lançamento original. Schrader, famoso por escrever o roteiro do clássico “Taxi Driver”, interessou-se pelo autor através de seu irmão, Leonard, que viveu no Japão e era professor universitário no país quando o escritor cometeu suicídio.

A morte de Yukio Mishima foi um evento dramático: um suicídio ritual por haraquiri no quartel-general das Forças de Autodefesa em Tóquio, em 1970. Para o diretor Schrader, Mishima compartilhava traços com o protagonista de “Taxi Driver”, possuindo um processo de pensamento distorcido onde o sofrimento próprio leva a uma forma de transcendência.

Schrader não vê o ato final em Ichigaya como político, mas sim como a última “peça teatral” de Yukio Mishima baseada em sua estética, sem a intenção real de iniciar uma revolução.

Ameaças e oposição política

A produção do filme enfrentou resistência desde o início. A viúva de Yukio Mishima opôs-se às filmagens antes mesmo delas começarem. Além disso, o projeto gerou forte antipatia em grupos de direita no Japão. Eles viam o escritor como um herói nacional e consideravam uma “blasfêmia” que um estrangeiro dirigisse um filme sobre sua vida.

O clima era tão tenso que Schrader relatou ter usado um colete à prova de facadas durante as filmagens. Embora a produção tenha sido concluída, o filme sobre Yukio Mishima nunca chegou aos cinemas japoneses, nem foi lançado em vídeo no país, apesar de ter sido premiado no Festival de Cannes de 1985 e exibido nos EUA. O tema era tão sensível que era evitado até mesmo em eventos diplomáticos e da indústria cinematográfica.

O fim do silêncio no Festival de Tóquio

Schrader acredita que o assunto não é mais tão controverso hoje em dia. Essa mudança de percepção ficou evidente quando o TIFF anunciou a exibição de “Mishima” em outubro. Os ingressos esgotaram em apenas 10 minutos.

Devido à enorme demanda, o festival realizou exibições extras em novembro. O sucesso reacendeu o debate e gerou pedidos nas redes sociais para que o filme sobre a vida de Yukio Mishima seja finalmente lançado no circuito comercial de cinemas do Japão.

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