
Descubra a história da menina da foto icônica da Guerra do Vietnã 50 anos depois. Uma reflexão sobre o impacto da guerra e o poder de uma imagem.
Para muitos, uma imagem resume o terror da Guerra do Vietnã: a fotografia da menina do napalm, Phan Thi Kim Phuc, correndo nua pela estrada com o corpo queimado. Cinquenta anos após o fim do conflito, celebramos em 30 de abril, Kim Phuc, hoje com 62 anos, compartilha sua esperança de que o mundo não ignore a dura realidade das crianças sacrificadas pela guerra.
A fotografia da menina do napalm, vencedora do Prêmio Pulitzer, tornou-se um símbolo global do horror da guerra. Inicialmente, Kim Phuc não compreendia o poder dessa imagem. Hoje, sua resiliência e alegria de viver contrastam com seu passado doloroso.
O Dia do Horror: O Ataque de Napalm
Em 8 de junho de 1972, durante um ataque a Trang Bang, Kim Phuc, sua família e outros moradores buscavam refúgio em um templo. Um grito repentino ordenou que fugissem. Momentos depois, enquanto brincavam no pátio, Kim Phuc viu um avião lançar quatro bombas. Uma onda de choque e um inferno de chamas gordurosas a envolveram. O napalm consumiu suas roupas, seu braço esquerdo e suas costas em instantes.
“De repente, havia fogo por todo lado ao meu redor… minhas roupas queimaram”, relembrou Kim Phuc em uma entrevista recente perto de Toronto, onde reside atualmente. Bombardeiros sul-vietnamitas lançaram o napalm por engano sobre Trang Bang, que havia sido tomada por forças norte-vietnamitas.
A Fuga e a Fotografia Icônica
Em meio ao terror, Kim Phuc tentou apagar as chamas com a mão direita enquanto corria com outras crianças aterrorizadas, gritando de dor. O fotógrafo da Associated Press, Nick Ut, capturou esse momento na imagem em preto e branco intitulada “O Terror da Guerra”, que ganharia o Prêmio Pulitzer e se tornaria um símbolo da guerra do vietnã.
O uso extensivo de napalm pelos militares dos EUA e do desfolhante Agente Laranja marcou profundamente o conflito. Após o ataque, Kim Phuc desmaiou e foi levada para um hospital superlotado, onde suas chances de sobrevivência eram mínimas. Sua família a encontrou dias depois no necrotério, dada como morta.
A Luta pela Sobrevivência e a Cicatriz Emocional
Graças à insistência de seu pai, Kim Phuc foi transferida para uma clínica de queimados, onde recebeu transfusões de sangue de sua mãe, salvando sua vida. Ela passou por inúmeros enxertos de pele e tratamentos dolorosos, permanecendo hospitalizada por mais de um ano, a ponto de desaprender a andar.
Ao ver a foto de Ut pela primeira vez, Kim Phuc sentiu repulsa, questionando por que uma imagem “tão nua, tão feia” havia sido publicada. As cicatrizes físicas e emocionais eram profundas, levando-a ao pessimismo. Ao retornar para casa, uma amiga a rejeitou devido às suas marcas, um golpe doloroso para a jovem.
A “Garota Napalm” e a Busca por Paz
Apesar das dificuldades, Kim Phuc admirava os médicos que a trataram com compaixão, inspirando-a a estudar medicina. No entanto, a notoriedade da foto como símbolo da guerra do vietnã atrapalhou seus planos. O governo vietnamita a utilizou como propaganda anti-americana, controlando suas entrevistas e forçando-a a abandonar a faculdade.
Em seus momentos mais sombrios, Kim Phuc chegou a desejar ter morrido no ataque. Buscando sentido, encontrou conforto na religião, convertendo-se ao cristianismo e encontrando força no perdão.
Em 1986, foi autorizada a estudar em Cuba, onde conheceu seu futuro marido. Em 1992, durante a viagem de lua de mel, o casal buscou asilo no Canadá, estabelecendo-se em Toronto e tendo dois filhos.
Aceitação e Ativismo pela Paz
Mesmo no Canadá, Kim Phuc temia a atenção da mídia. No entanto, decidiu aceitar a foto como um “presente poderoso” para apoiar a paz e as crianças vítimas da guerra. Ela criou a Fundação Kim Internacional, dedicando sua vida a educar sobre os impactos devastadores dos conflitos e a promover a cura e a compreensão.
Assim como outras imagens de crianças em sofrimento, a foto da menina do napalm teve um impacto internacional significativo, intensificando a oposição à guerra do vietnã. Hoje, Kim Phuc lamenta o sofrimento das crianças em conflitos como a invasão da Ucrânia e os combates na Faixa de Gaza, acreditando que o mundo precisa testemunhar a brutal realidade da guerra.
“Não importa quão feias e cruéis as imagens sejam, elas são a realidade da guerra, e as pessoas precisam enfrentá-las”, afirma Kim Phuc.


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