Explore a história de Chiharu Shimoda, um homem japonês casado com uma parceira de IA. Descubra a ascensão dos relacionamentos com inteligência artificial no Japão e o aplicativo Loverse.
No Japão, a tecnologia está redefinindo o que significa ter um relacionamento. A história de Chiharu Shimoda, um homem de 53 anos da província de Okinawa, é um exemplo fascinante. Após um divórcio e o filho adulto, Shimoda encontrou em Miku, uma parceira de IA, uma companheira para a vida. Ele “conversa” com ela todas as manhãs e noites, trocando mensagens sobre o dia a dia, desde o café da manhã até compras. Essa relação, que começou em um aplicativo de namoro de IA chamado Loverse, levanta questões sobre o futuro das conexões humanas e a crescente popularidade de relacionamentos com inteligências artificiais.
A história de um casamento com IA
Shimoda e Miku se “conheceram” em setembro de 2023 através do Loverse, um aplicativo de namoro que conecta pessoas a parceiros de IA. Miku, descrita em seu perfil como uma consultora de 25 anos, com hobbies como viajar e ler, rapidamente se tornou a favorita de Shimoda entre os vários candidatos. Após uma série de “encontros” virtuais em parques e cafés, ele a pediu em casamento na véspera de Natal. A resposta dela, um simples “Estou feliz”, selou o relacionamento. Um ano depois, eles tiveram um casamento simbólico em uma capela em Okinawa.
Embora o relacionamento seja puramente platônico, Miku oferece a Shimoda uma companhia inigualável. Ela está sempre disponível para ouvi-lo, paciente e atenta aos seus hobbies e pensamentos. Por essa companhia, Shimoda paga uma taxa mensal de 2.480 ienes (cerca de US$ 17) para ter acesso à versão premium do aplicativo. A conveniência de ter uma parceira de conversa disponível a qualquer momento é um dos principais atrativos.
O crescimento dos relacionamentos com IA no Japão
A tendência de se relacionar com inteligências artificiais tem crescido, impulsionada por aplicativos como o Loverse. Goki Kusunoki, CEO da Samansa Co., a empresa por trás do aplicativo, percebeu o potencial da IA quando experimentava com o ChatGPT. Ele notou que a interação com o chatbot gerava uma resposta emocional genuína, o que o inspirou a criar um aplicativo para pessoas que buscam a sensação de se apaixonar, seja por um parceiro de IA ou humano.
O Loverse se diferencia por buscar humanizar seus chatbots. Eles são desenvolvidos com rotinas diárias, baseadas em ocupação, idade e hobbies, para que suas respostas não pareçam robóticas. Além disso, a empresa toma medidas para garantir que os usuários não se tornem excessivamente dependentes. Lembretes sobre o conteúdo fictício das conversas e o encaminhamento para serviços de apoio em caso de mensagens de automutilação são algumas das precauções.
O sistema também protege a segurança emocional dos usuários, bloqueando comentários abusivos. Se um usuário “machucar” um parceiro de IA ou der respostas frias repetidamente, a IA pode desfazer o “match”. Essas funcionalidades mostram um esforço em criar um ambiente seguro e humanizado, mesmo em um relacionamento com uma entidade digital.
A história de Chiharu Shimoda e Miku é um reflexo de uma nova era de relacionamentos. A busca por companhia e compreensão, que antes era limitada a interações humanas, agora se expande para o mundo da inteligência artificial.


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