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Acordo Comercial Japão-EUA Agita Mercados e Traz Otimismo Cauteloso

- 29 de julho de 2025
Descubra como o acordo comercial Japão-EUA impactou os mercados, impulsionando ações e gerando otimismo cauteloso. Analisamos desafios, eventos futuros e a volatilidade.

Descubra como o acordo comercial Japão-EUA impactou os mercados, impulsionando ações e gerando otimismo cauteloso. Analisamos desafios, eventos futuros e a volatilidade.

O recente acordo comercial surpresa entre Japão e EUA impulsionou os mercados japoneses, elevando as ações a máximas históricas e desencadeando uma liquidação de títulos do governo. O anúncio do acordo pelo presidente dos EUA, Donald Trump, gerou uma forte alta em todo o mercado, com as ações das montadoras liderando o movimento e o índice Topix alcançando um fechamento recorde. Inicialmente, o otimismo dos investidores prevaleceu, ofuscando questões sobre os detalhes do acordo e a posição política do primeiro-ministro Shigeru Ishiba após um revés eleitoral.

No entanto, à medida que a euforia inicial diminui, a atenção se volta para as incertezas futuras. Investidores questionam se essa alta representa o início de uma tendência positiva ou apenas um breve momento de alívio em um mercado já volátil. Vishnu Varathan, chefe de economia e estratégia do Mizuho Bank, descreve a sensação como um “alívio imenso por não termos sangrado até a morte, mas ainda estamos na triagem, se não na UTI”.


Desafios e Próximos Eventos que Moldam o Cenário

Apesar das boas notícias, o mercado japonês enfrenta ressalvas. As tarifas de 15% impostas às empresas japonesas, embora menores que as ameaças iniciais, ainda são significativas. Uma possível recuperação econômica pode acelerar aumentos nas taxas de juros, impactando o custo do capital. Além disso, a vitória no acordo pode fortalecer a posição de Ishiba, desviando o foco de outros desafios internos.

A atenção agora se volta para eventos cruciais nos próximos dias. O anúncio da política monetária do Banco do Japão será analisado em busca de indícios de um possível aumento da taxa de juros já em setembro, o que pode influenciar os preços de títulos e ações. Além disso, os investidores aguardam os resultados de lucros corporativos de gigantes como Fujitsu, Tokyo Electron e Nissan Motor. Embora esses resultados não reflitam diretamente o impacto do acordo comercial, eles oferecerão uma visão da resiliência das empresas japonesas diante de um cenário de tarifas elevadas.


Otimismo Cauteloso e a Volatilidade do Iene

A tarifa de 15% em produtos japoneses, incluindo automóveis, foi um alívio em comparação com as ameaças anteriores de 25% ou mais. O Japão também prometeu investir US$ 550 bilhões nos EUA, um detalhe que gerou dúvidas no mercado. Pelham Smithers, analista de ações japonesas no Reino Unido, aponta que, embora haja “ingredientes para uma recuperação prolongada”, as maiores questões são a política do Banco do Japão e a possibilidade de Trump rever o acordo tarifário.

O entusiasmo no mercado é compreensível. O Índice Topix, após um período de baixa em julho, saltou 4% na semana, atingindo uma nova máxima histórica. Ações de empresas como Toyota Motor e SoftBank Group também registraram ganhos significativos. No entanto, os rendimentos dos títulos japoneses de 10 anos atingiram o nível mais alto desde 2008 após o anúncio do acordo, indicando uma reavaliação dos riscos.

Um ponto de destaque na movimentação do mercado foi a volatilidade do iene, que flutuou entre ganhos e perdas. A cautela, no entanto, começou a retornar no final da semana, com os índices Nikkei 225 e Topix fechando em queda de quase 1% na sexta-feira.


Preocupações Políticas e a Busca por Respostas

Uma grande preocupação é a instabilidade política. Um governo enfraquecido pode ceder a pressões por cortes de impostos, agravando a já desafiadora situação fiscal do Japão. Rumores sobre a renúncia de Ishiba, apesar de negados, intensificam essas preocupações.

No momento, o mercado japonês tem mais perguntas do que respostas. Embora a relação comercial com os EUA esteja mais clara, grande parte do cenário econômico e político permanece incerto. Analistas de mercado sugerem que a recente alta pode ter sido mais um reflexo de esperança do que de uma análise racional. Yusuke Sakai, trader sênior da T&D Asset Management em Tóquio, descreve a alta das ações como uma “reação impulsiva”, aconselhando a “esfriar a cabeça e se recompor”.

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