500 visualizações 6 min 0 Comentário

Asiáticos x Nikkeis: a Mão-de-Obra Brasileira tem Qualidade Superior?

- 21 de novembro de 2025
Para manter a competitividade, dekasseguis brasileiros no Japão devem sair do nicho "3K" e investir urgentemente em qualificação e domínio do idioma japonês.

Para manter a competitividade, dekasseguis brasileiros no Japão devem sair do nicho “3K” e investir urgentemente em qualificação e domínio do idioma japonês.

O mercado de trabalho japonês para mão de obra estrangeira, especialmente em empregos não qualificados (“3K”), é altamente competitivo. Nos últimos anos, o perfil do imigrante tem se diversificado, com um aumento significativo de trabalhadores de outros países asiáticos.

As empresas japonesas, principalmente as de pequeno e médio porte que necessitam de mão de obra barata e flexível, têm encontrado certas vantagens em empregar asiáticos (como vietnamitas, filipinos e chineses) em relação aos dekasseguis brasileiros, o que impacta diretamente a competitividade do brasileiro.

FatorVantagem do Outros AsiáticosDesvantagem do Dekassegui brasileiro
Custo e SalárioTendência a aceitar salários e condições iniciais mais baixas, especialmente em programas de estágio/treinamento (que muitas vezes são usados como porta de entrada).Os dekasseguis, sendo descendentes de japoneses (Nikkei), têm direito a vistos permanentes/longos e, por terem vindo com objetivos financeiros mais definidos, exigem remunerações mais competitivas para valer a pena a migração.
Domínio do IdiomaMuitos programas de imigração para jovens asiáticos (como o Technical Intern Training Program) exigem um nível básico de japonês antes mesmo de eles chegarem ao país.A maioria dos dekasseguis brasileiros chega ao Japão com pouco ou nenhum domínio do idioma, limitando-os a trabalhos onde a comunicação é mínima (linhas de montagem).
Mobilidade e FamíliaGrande parte dos trabalhadores asiáticos (especialmente os que vêm por programas específicos) é composta por jovens solteiros ou que deixaram a família no país de origem.Os dekasseguis brasileiros, por outro lado, migraram em família (esposa, filhos em idade escolar), exigindo mais estabilidade, infraestrutura (escola brasileira/apoio) e, consequentemente, um custo de vida e remuneração total maior para a empresa.
Vínculo CulturalEmbora venham de culturas distintas, a proximidade geográfica e algumas semelhanças culturais (como o respeito à hierarquia) podem facilitar a adaptação no ambiente de trabalho japonês em comparação com o estilo de trabalho mais ocidentalizado do brasileiro.O fato dos brasileiros residirem no outro lado do mundo do Japão é um fator de alto risco em caso de não adaptação aos padrões culturais e sociais japoneses.

🚀 Estratégias para o Dekassegui Brasileiro ser Mais Atrativo

Para sair do nicho de mão de obra não qualificada (trabalho “3K”) e se tornar uma força de trabalho mais atraente e competitiva no Japão, o dekassegui brasileiro deve focar em transformar as vantagens do seu visto em vantagens competitivas e de qualificação.

1. Prioridade Absoluta: Domínio do Idioma Japonês

O desconhecimento do japonês é o principal fator que restringe os dekasseguis a trabalhos de baixa qualificação.

  • Atingir o Nível de Negócios: O brasileiro deve buscar ativamente a fluência (mínimo N3 ou N2 do JLPT – Japanese Language Proficiency Test). Isso abre portas para posições que exigem comunicação com colegas e supervisores (escritório, vendas, liderança de equipe) e não apenas tarefas manuais repetitivas.

2. Transição da Mão de Obra Não Qualificada para a Especializada

Em vez de depender do visto nikkei para conseguir qualquer emprego, o brasileiro deve usar esse visto como um alicerce para buscar carreiras de alta demanda:

  • Qualificação Técnica: Investir em cursos de certificação em áreas com escassez de mão de obra no Japão, como:
    • Enfermagem e Cuidados de Idosos (Kaigo): Com o envelhecimento da população, esta é uma área com alta demanda e estabilidade.
    • Tecnologia da Informação (TI): Desenvolvimento de software, programação e suporte técnico.
    • Engenharia/Mecânica: Posições mais especializadas em indústrias, em vez de apenas operadores de linha de produção.

3. Capitalizar o Visto de Descendente (Nikkei)

A maior vantagem do dekassegui é o seu visto de descendente, que geralmente permite a permanência de longo prazo e a livre escolha de emprego, algo que muitos asiáticos em programas de estágio não possuem.

  • Foco na Estabilidade e Liderança: As empresas japonesas valorizam a estabilidade. O dekassegui qualificado pode se apresentar como um funcionário que não retornará ao país de origem em dois ou três anos, estando apto a assumir cargos de liderança de equipes estrangeiras, atuando como elo entre a gerência japonesa e a mão de obra internacional.

Em resumo, a chave é parar de competir com o perfil de “mão de obra mais barata” e começar a competir com o perfil de “mão de obra mais qualificada, estável e com domínio da comunicação”.

Logotipo Mundo-Nipo
Autor

**Portal Mundo-Nipo**
Sucursal Japão

Comentários estão fechados.