Para manter a competitividade, dekasseguis brasileiros no Japão devem sair do nicho “3K” e investir urgentemente em qualificação e domínio do idioma japonês.
O mercado de trabalho japonês para mão de obra estrangeira, especialmente em empregos não qualificados (“3K”), é altamente competitivo. Nos últimos anos, o perfil do imigrante tem se diversificado, com um aumento significativo de trabalhadores de outros países asiáticos.
As empresas japonesas, principalmente as de pequeno e médio porte que necessitam de mão de obra barata e flexível, têm encontrado certas vantagens em empregar asiáticos (como vietnamitas, filipinos e chineses) em relação aos dekasseguis brasileiros, o que impacta diretamente a competitividade do brasileiro.
| Fator | Vantagem do Outros Asiáticos | Desvantagem do Dekassegui brasileiro |
| Custo e Salário | Tendência a aceitar salários e condições iniciais mais baixas, especialmente em programas de estágio/treinamento (que muitas vezes são usados como porta de entrada). | Os dekasseguis, sendo descendentes de japoneses (Nikkei), têm direito a vistos permanentes/longos e, por terem vindo com objetivos financeiros mais definidos, exigem remunerações mais competitivas para valer a pena a migração. |
| Domínio do Idioma | Muitos programas de imigração para jovens asiáticos (como o Technical Intern Training Program) exigem um nível básico de japonês antes mesmo de eles chegarem ao país. | A maioria dos dekasseguis brasileiros chega ao Japão com pouco ou nenhum domínio do idioma, limitando-os a trabalhos onde a comunicação é mínima (linhas de montagem). |
| Mobilidade e Família | Grande parte dos trabalhadores asiáticos (especialmente os que vêm por programas específicos) é composta por jovens solteiros ou que deixaram a família no país de origem. | Os dekasseguis brasileiros, por outro lado, migraram em família (esposa, filhos em idade escolar), exigindo mais estabilidade, infraestrutura (escola brasileira/apoio) e, consequentemente, um custo de vida e remuneração total maior para a empresa. |
| Vínculo Cultural | Embora venham de culturas distintas, a proximidade geográfica e algumas semelhanças culturais (como o respeito à hierarquia) podem facilitar a adaptação no ambiente de trabalho japonês em comparação com o estilo de trabalho mais ocidentalizado do brasileiro. | O fato dos brasileiros residirem no outro lado do mundo do Japão é um fator de alto risco em caso de não adaptação aos padrões culturais e sociais japoneses. |
🚀 Estratégias para o Dekassegui Brasileiro ser Mais Atrativo
Para sair do nicho de mão de obra não qualificada (trabalho “3K”) e se tornar uma força de trabalho mais atraente e competitiva no Japão, o dekassegui brasileiro deve focar em transformar as vantagens do seu visto em vantagens competitivas e de qualificação.
1. Prioridade Absoluta: Domínio do Idioma Japonês
O desconhecimento do japonês é o principal fator que restringe os dekasseguis a trabalhos de baixa qualificação.
- Atingir o Nível de Negócios: O brasileiro deve buscar ativamente a fluência (mínimo N3 ou N2 do JLPT – Japanese Language Proficiency Test). Isso abre portas para posições que exigem comunicação com colegas e supervisores (escritório, vendas, liderança de equipe) e não apenas tarefas manuais repetitivas.
2. Transição da Mão de Obra Não Qualificada para a Especializada
Em vez de depender do visto nikkei para conseguir qualquer emprego, o brasileiro deve usar esse visto como um alicerce para buscar carreiras de alta demanda:
- Qualificação Técnica: Investir em cursos de certificação em áreas com escassez de mão de obra no Japão, como:
- Enfermagem e Cuidados de Idosos (Kaigo): Com o envelhecimento da população, esta é uma área com alta demanda e estabilidade.
- Tecnologia da Informação (TI): Desenvolvimento de software, programação e suporte técnico.
- Engenharia/Mecânica: Posições mais especializadas em indústrias, em vez de apenas operadores de linha de produção.
3. Capitalizar o Visto de Descendente (Nikkei)
A maior vantagem do dekassegui é o seu visto de descendente, que geralmente permite a permanência de longo prazo e a livre escolha de emprego, algo que muitos asiáticos em programas de estágio não possuem.
- Foco na Estabilidade e Liderança: As empresas japonesas valorizam a estabilidade. O dekassegui qualificado pode se apresentar como um funcionário que não retornará ao país de origem em dois ou três anos, estando apto a assumir cargos de liderança de equipes estrangeiras, atuando como elo entre a gerência japonesa e a mão de obra internacional.
Em resumo, a chave é parar de competir com o perfil de “mão de obra mais barata” e começar a competir com o perfil de “mão de obra mais qualificada, estável e com domínio da comunicação”.


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