A justiça está sendo feita pelo Tribunal dos EUA após quase 11 meses da lamentável ocorrência. O ex-policial Derek Chauvin, que asfixiou George Floyd até a morte no Estado de Minneapolis foi condenado por unanimidade pelos jurados. A sentença do tempo de condenação do réu será definida em duas semanas, Chauvin poderá ficar preso de 40 anos (homicídio não intencional de segundo grau) à 75 anos.
Outros casos de assassinatos à negros por policiais brancos nos EUA não tiveram o mesmo desfecho, os policiais não foram condenados. O caso Floyd é um marco contra o racismo para a comunidade americana, quem sabe para o mundo.
O reverendo Al Sharpton, familiares e pessoas próximas a George Floyd reuniram-se após a sentença e comemoraram de forma fervorosa e emocionada o resultado do julgamento. Aos desavisados pode parecer algo natural, mas não deveríamos ter este entendimento.
Como podemos aceitar que em pleno século 21 exista a incerteza do resultado da sentença a um fato tão evidente de assassinato?
A eufórica comemoração é devido a incerteza de justiça quando a vítima é composta pela “minoria”, a sociedade diferencia o tratamento a uma pessoa por questão de cor, nível socioeconômico, nível educacional e orientação sexual.
A questão do racismo não é um fato exclusivo nos EUA, está entre nós, muitos respiram este ar cotidianamente. Justamente no Brasil em que a sociedade negra ocupa mais de 60% da população brasileira.
Contarei de forma sucinta um momento vivido em uma mesa de bar, em companhia a um grande amigo advogado com futuro promissor, filho de um homem negro e uma mulher branca. Devido a confiança existente entre nós abordei este assunto sobre o racismo no mundo e no Brasil. Escutei atentamente a algumas experiências deste amigo em torno deste tema, e ao final fiz o comentário: “Não tenho a plena ideia sobre o que é viver dia a dia sendo discriminado …”. A resposta veio logo em seguida: “Não, realmente quem não é negro não sabe o que é viver assim …”.
Mas relembrando fatos ocorridos há muitos anos atrás quando vivi no Japão, me ajudou a entender um pouco este sentimento. Os japoneses são extremamente nacionalistas e enxergam os estrangeiros como um povo de segunda categoria, nós que somos latinos, de um país pobre, terceira categoria.
Lembro-me como foi frustrante ser tratado com indiferença sendo que nos empenhamos e tentamos fazer o melhor. Ser tratado diferente apenas pelo fato de não ser japonês, ser um latino americano, não possuir o domínio do idioma e conhecimento profundo da cultura japonesa.
Aos que já passaram por esta experiência, é hora de repensar a forma de se relacionar.
“Somos todos iguais perante a lei”, precisamos acreditar nisto e fazer valer no dia a dia.
Portal Mundo-Nipo
Sucursal Brasil São Paulo
Mario T. H.