Recém-Empossada Ministra Takaichi é Amada pelos Japoneses

A frase “trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar e trabalhar” da primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, foi eleita o lema do ano, gerando controvérsia imediata em um país sensível ao excesso de trabalho (karoshi). A ultraconservadora Takaichi, a primeira mulher no cargo, defendeu que a frase apenas expressava seu entusiasmo, embora durma poucas horas e concilie o trabalho com a vida pessoal. Apesar de suas políticas de linha dura (como a oposição à mudança da lei de sobrenome para casais), seu estilo de vestuário e acessórios, como a “Sanae Bag” e uma caneta específica, a transformaram em um ícone de estilo e consumo (Sana-katsu). O fenômeno evidencia uma admiração pela sua influência e elegância como mulher na política, mas levanta questionamentos sobre a validade de glorificar longas jornadas de trabalho em um contexto de crise laboral e desigualdade de gênero no Japão.

Pedido da Cidadania Japonesa será Possível após 10 Anos de Moradia Ininterrupta no Japão

O governo japonês planeja estender o período de residência exigido para a obtenção da cidadania japonesa de cinco para dez anos. A proposta, a ser formalizada em janeiro de 2026, visa alinhar o tempo de naturalização com o da residência permanente, corrigindo uma “situação inversa” percebida onde o status de cidadão seria mais fácil de obter. A mudança não deve alterar a Lei da Nacionalidade de cinco anos, mas sim impor os dez anos na prática através de critérios discricionários que incluem “boa conduta” e estabilidade financeira. A revisão, que afeta diretamente milhares de residentes (incluindo dekasseguis), sinaliza um endurecimento nos requisitos de imigração do Japão, apesar de a naturalização já exigir proficiência no idioma e passar por um rigoroso crivo do Ministério da Justiça, que aprovou $8.863$ pedidos em 2024.

Por que os Brasileiros não gostam do Setor Alimentício apesar da Estabilidade Garantida?

A indústria de alimentos no Japão (Bentoya ou Souzai) é considerada a “última opção” de emprego no Japão pelos trabalhadores brasileiros, apesar de oferecer estabilidade anticrise, aceitar idosos e não exigir proficiência em japonês. A rejeição se deve a cinco fatores principais que superam a segurança do emprego no Japão: 1) O ambiente de trabalho em câmaras frias ($5\text{°C}$ a $10\text{°C}$) é insalubre; 2) A disparidade salarial (média de ¥1.050/hora) é inferior à da indústria automotiva (¥1.300+/hora), que ainda oferece prêmio de admissão (Iwaikin); 3) A solidão do calendário (trabalhar em todos os feriados) gera desgaste social; 4) As regras de higiene extrema são vistas como desumanizantes; 5) O trabalho repetitivo e monótono na esteira causa estafa mental. O setor acabou se tornando um refúgio para a terceira idade, mas os jovens preferem o risco da indústria automotiva em troca de melhor salário e liberdade social.

A “Onda Laranja”: A Ascensão do Sanseito e o Nacionalismo de Sohei Kamiya

O partido Sanseito, liderado por Sohei Kamiya e com a plataforma “Japão em Primeiro Lugar”, emergiu como uma força populista ultraconservadora na política japonesa. Apesar de ser um fenômeno raro na estável democracia do país, o Sanseito obteve sucesso eleitoral significativo, especialmente elegendo 14 novos senadores em 2025, totalizando cerca de 18 parlamentares. Sua agenda é focada em pilares como a restrição de direitos a imigrantes, a defesa de uma educação patriótica e o anti-globalismo. Embora seja improvável que Kamiya se torne Primeiro-Ministro a curto prazo devido ao isolamento dos partidos tradicionais, sua influência é substancial, pois forçou o partido governista LDP a adotar uma postura mais rígida sobre a imigração para conter a perda de eleitores conservadores. O Sanseito se consolidou como a principal voz da direita populista japonesa, com um impacto direto e preocupante nas políticas voltadas para estrangeiros e residentes no Japão.

Estrangeiros na Própria Pátria: O Dilema da Identidade dos Jovens Brasileiros no Japão

O texto aborda a profunda crise de identidade dos filhos brasileiros no Japão, um dilema social e humanitário. Esses jovens, criados na cultura japonesa, enfrentam a “japonização” inevitável, adotando o japonês como primeira língua e se tornando estranhos aos pais no Brasil. O texto detalha o trauma do retorno ao Brasil, que gera analfabetismo funcional e choque cultural (levando a depressão), e a persistente não aceitação no Japão, onde são eternamente vistos como Gaijin e, muitas vezes, limitados ao ciclo da mão de obra fabril. A conclusão é que essa geração está presa entre dois mundos, sem lugar, exigindo atenção urgente das autoridades.

Por que brasileiros exemplares aqui cruzam a linha da legalidade no Japão?

O texto explora o paradoxo da criminalidade entre descendentes de japoneses (nikkeis) que migram do Brasil para o Japão como dekasegis. Analisa como o nikkei, respeitado no Brasil, é rebaixado a gaijin (estrangeiro) e a trabalhos de segunda classe no Japão, resultando em uma profunda crise de identidade e isolamento social. O artigo sugere que essa perda de status social, combinada com a pressão financeira e o fenômeno da anomia (ausência de normas), pode ser o gatilho que transforma o cidadão exemplar em criminoso, levantando o debate se o ambiente ou o caráter é o fator determinante.