
Em Kagoshima, uma tocante cerimônia relembrou os pilotos suicidas da Segunda Guerra Mundial. Testemunhe o tributo e a mensagem de paz de uma ex-aluna.
No distrito de Chiran, em Minami-Kyushu, província de Kagoshima, ocorreu uma significativa cerimônia em memória aos pilotos suicidas que perderam suas vidas durante as missões nos últimos meses da Guerra do Pacífico. Esses pilotos japoneses tinham a difícil tarefa de lançar seus aviões contra navios de guerra americanos.
Uma Voz do Passado na Cerimônia dos Pilotos Suicidas
Antigas alunas de uma escola local para meninas, que se despediram dos jovens pilotos com delicados ramos de cerejeira yaezakura, marcaram presença em cerimônias anteriores. Neste ano, que assinala o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, apenas uma dessas mulheres pôde comparecer a esta cerimônia em memória aos pilotos suicidas.
Tomi Miyake, uma senhora de 95 anos vinda de Kitakyushu, expressou um desejo profundo: “Devemos acabar com a guerra em nossa geração”. Comovida, ela compartilhou: “Juntei as mãos em oração pelos pilotos e também por minhas colegas que não puderam estar presentes hoje nesta cerimônia em memória aos pilotos suicidas“. Miyake caminhou com reverência até o altar para depositar uma flor, enquanto se esforçava para recordar as memórias de oito décadas passadas.
Local da Memória: Base Aérea de Chiran
A cerimônia em memória aos pilotos suicidas foi realizada no salão Tokko Heiwa Kannon-do, situado no local da antiga base aérea de Chiran, pertencente ao Exército Imperial Japonês. Foi deste local que os jovens pilotos decolaram para suas missões. Cerca de 700 pessoas participaram da homenagem, incluindo 220 familiares de 80 pilotos que realizaram missões suicidas. Eles prestaram suas condolências aos aproximadamente 1.000 pilotos suicidas e outros que perderam a vida no conflito.
A primeira cerimônia em memória aos pilotos suicidas aconteceu em 1955. Desde então, ex-alunas da Escola Secundária Chiran Girls, que trabalharam na base aérea cuidando dos pilotos – limpando seus alojamentos e lavando suas roupas – compareceram regularmente. Miyake foi uma dessas dedicadas alunas.
A “Unidade Nadeshiko” e o Declínio da Presença
Após o término da guerra, as ex-alunas passaram a ser conhecidas como a “unidade Nadeshiko”, uma homenagem à flor que servia de emblema para a escola. Com o passar dos anos, a participação delas na cerimônia em memória aos pilotos suicidas diminuiu gradativamente. No ano anterior, apenas duas estiveram presentes.
Este ano, Miyake foi a única representante da “unidade Nadeshiko” a comparecer, pois a outra participante estava hospitalizada. Ela recordou os tempos de guerra: “Lavávamos lenços e meias em um riacho próximo para os pilotos que aguardavam sua missão. Nos momentos de folga, costumávamos contar piadas uns aos outros nos arrozais vizinhos”.
No entanto, a iminência dos ataques, que ocorreriam poucos dias depois, deixou uma marca dolorosa em sua memória: “Não consegui lembrar de seus nomes e rostos”, disse ela com tristeza.
Miyake expressou uma preocupação profunda sobre o futuro: “As missões de ataque especial não são uma história bonita, mas sim uma história imprudente. Agora que há cada vez menos pessoas que vivenciaram a guerra, temo que a guerra possa voltar”. Sua presença na cerimônia em memória aos pilotos suicidas serve como um lembrete poderoso dos horrores da guerra e da importância da paz.


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