
China aceita milhares de trabalhadores norte-coreanos, levantando questões sobre sanções da ONU e a busca por mão de obra barata. Entenda as implicações geopolíticas.
A China tem se tornado um destino para milhares de trabalhadores da Coreia do Norte desde o início do ano, conforme fontes próximas às relações bilaterais confirmam. Esta movimentação de mão de obra levanta questões importantes sobre o cumprimento das sanções internacionais e as motivações por trás da decisão chinesa. A aceitação desses trabalhadores norte-coreanos, um tema sensível no cenário geopolítico atual, merece uma análise aprofundada.
Sanções da ONU e a Posição da China sobre Mão de Obra Norte-Coreana
O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) estabeleceu medidas de sanção que proíbem explicitamente a emissão de permissões de trabalho para cidadãos da Coreia do Norte. Acredita-se que a recente aceitação de trabalhadores pela China represente uma possível violação dessas sanções. A justificativa por trás das sanções da ONU reside na preocupação de que os recursos financeiros obtidos por esses trabalhadores possam ser utilizados para financiar os programas de desenvolvimento nuclear e de mísseis balísticos de Pyongyang. Uma resolução de 2017 da ONU determinou que os estados membros repatriassem os trabalhadores norte-coreanos até dezembro de 2019.
Interesses Econômicos e a Relação China-Coreia do Norte
O governo do presidente chinês Xi Jinping parece buscar uma fonte de mão de obra a baixo custo em um contexto de desafios econômicos internos. Simultaneamente, a China demonstra interesse em fortalecer seus laços com a Coreia do Norte. As fontes indicam que aproximadamente 3.000 trabalhadores norte-coreanos chegaram a Hunchun, na província de Jilin, em março, seguidos por cerca de 500 em Dandong, província de Liaoning, em maio. A maioria desses trabalhadores são jovens mulheres designadas para atuar em fábricas de vestuário e unidades de processamento de frutos do mar nas províncias nordestinas que fazem fronteira com a Coreia do Norte. Embora a aceitação desses trabalhadores tenha sido objeto de discussão em outras regiões, as fontes sugerem que governos locais provavelmente não tomarão decisões unilaterais a respeito.
Histórico e Contexto das Relações Bilaterais
Após um período em que a repatriação de trabalhadores norte-coreanos ganhou impulso no verão de 2023, impulsionada pela retomada das viagens entre os dois países após a pandemia de COVID-19, o governo chinês vinha demonstrando cautela em relação à admissão de novos trabalhadores. O ano anterior marcou o 75º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre China e Coreia do Norte, mas as celebrações foram discretas, indicando um possível arrefecimento nos laços bilaterais. A hesitação chinesa em aceitar trabalhadores norte-coreanos foi apontada como um dos fatores contribuintes para essa situação.
Implicações Geopolíticas da Decisão Chinesa
A recente mudança na postura da China pode estar relacionada a um esforço para melhorar as relações com a Coreia do Norte, especialmente no contexto da abertura ao diálogo demonstrada pelo então presidente dos EUA, Donald Trump, com o líder norte-coreano Kim Jong Un, e da crescente aproximação entre Coreia do Norte e Rússia. A aceitação de trabalhadores norte-coreanos pela China adiciona uma camada de complexidade ao cenário geopolítico da Ásia Oriental e levanta interrogativas sobre o futuro das sanções internacionais e a dinâmica das relações regionais.


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