Crise global de chips afeta montadoras japonesas e impacta diretamente os dekasseguis brasileiros no Japão com redução de horas extras e instabilidade.
A escassez mundial de chips e semicondutores tem um impacto significativo e negativo sobre as montadoras de automóveis no Japão, pois o país é um dos maiores produtores globais de veículos e depende massivamente desses componentes eletrônicos.
Os semicondutores são cruciais para a indústria automotiva moderna, sendo utilizados em uma vasta gama de sistemas: desde o gerenciamento do motor e freios ABS até recursos de infoentretenimento, assistência ao motorista e controle de clima.
- Redução e Paralisação da Produção: O impacto mais imediato é a redução drástica na produção de veículos. Montadoras japonesas como Toyota, Honda, Nissan e Mazda foram forçadas a:
- Suspender ou reduzir turnos em fábricas por períodos intermitentes.
- Priorizar modelos com maior margem de lucro em detrimento de outros.
- Estender o tempo de espera por carros novos para os consumidores.
- Aumento dos Custos Operacionais: A escassez obriga as empresas a competir por um número limitado de chips. Isso eleva os custos de aquisição, além dos custos logísticos para conseguir os componentes.
- Fragilização da Cadeia de Suprimentos: A crise expôs a dependência excessiva de fontes externas (principalmente Taiwan e China) e o modelo de estoque Just-in-Time japonês, que é eficiente em custos, mas vulnerável a interrupções.
💸 Impacto no Rendimento dos Dekasseguis Brasileiros
Muitos dekasseguis brasileiros no Japão estão empregados exatamente no setor mais atingido pela crise: a indústria de autopeças e montadoras de automóveis. O impacto no rendimento é direto e predominantemente negativo:
- Redução de Horas Extras (Zangyou): O principal componente do salário do dekassegui é, muitas vezes, as horas extras (zangyou). Com a paralisação da produção e a redução de turnos, as fábricas cortam drasticamente as horas extras, impactando significativamente a renda familiar total.
- Férias Forçadas e Licenças: Em casos de paralisação mais longa, as montadoras podem impor férias coletivas remuneradas ou licenças por períodos curtos. Embora as licenças sejam geralmente remuneradas com um percentual do salário base (e não do salário com horas extras), a perda do zangyou é sentida imediatamente.
- Insegurança e Instabilidade: O ambiente de trabalho se torna instável. Embora os empregos via agência sejam mais voláteis, mesmo os empregos diretos nas fábricas sofrem com a incerteza da produção.
Resumo: O rendimento dos dekasseguis que dependem de horas extras está diretamente ameaçado pela escassez, levando a uma redução efetiva de suas metas de poupança.
🛡️ Segurança de Emprego no Segmento de Autopeças e Montadoras
Manter-se empregado no segmento de autopeças e montadoras de automóveis durante uma crise de insumos não é totalmente seguro, especialmente para o dekassegui que é a principal força de trabalho nessas empresas.
| Fator de Insegurança (Negativo) | Fator de Segurança (Positivo) |
| Vulnerabilidade ao “3K” e Agências: A maioria dos dekasseguis está em posições operacionais e contratada via agências terceirizadas (o elo mais fraco da cadeia). Em momentos de corte, esses contratos são os primeiros a serem suspensos ou cancelados. | Demanda Crônica por Mão de Obra: O Japão possui uma escassez estrutural de mão de obra devido ao envelhecimento populacional. Quando a produção for normalizada, as fábricas precisarão dos dekasseguis imediatamente. |
| Volatilidade da Crise: A escassez de chips é intermitente e imprevisível, gerando um ambiente de constante incerteza sobre a manutenção dos turnos de trabalho. | Visto Nikkei (Residente de Longo Prazo): O visto de descendente garante o direito de permanência e livre escolha de trabalho, permitindo que o dekassegui mude de emprego ou setor (ex: para alimentos, logística, saúde) se o setor automotivo entrar em colapso. |
| Cortes em Horas Extras: A redução do rendimento pode forçar a busca por outro emprego, mesmo que o emprego atual não seja formalmente perdido. | Experiência e Lealdade: Funcionários com bom histórico e experiência no Japão são menos propensos a serem demitidos de forma permanente em relação a recém-chegados. |


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