O Japão está revendo suas práticas funerárias. Descubra por que mais pessoas, incluindo japoneses, estão optando por sepultamentos tradicionais em vez da cremação.
Embora a cremação seja a prática funerária padrão no Japão, uma mudança notável está em andamento. Um número crescente de cemitérios agora oferece sepultamento no Japão como uma opção, refletindo uma demanda crescente de residentes estrangeiros e, cada vez mais, de cidadãos japoneses. Essa tendência representa um retorno a uma tradição histórica, impulsionada por diversas razões culturais e pessoais.
Cemitérios pioneiros e a demanda por sepultamento
Um cemitério em Honjo, na província de Saitama, a cerca de duas horas de Tóquio, é um dos pioneiros. O Cemitério Sagrado de Honjo Kodama começou a aceitar sepultamentos há seis anos, em resposta a inúmeros pedidos de estrangeiros. O representante Sojo Hayakawa explica que a decisão foi tomada para ajudar estrangeiros que desejam se despedir de seus entes queridos de acordo com suas tradições.
O custo para um lote de sepultamento sem cremação é de 300.000 ienes. A demanda tem crescido exponencialmente: em 2019, o cemitério realizou cerca de oito sepultamentos, um número que saltou para mais de 40 apenas neste ano. Nos últimos sete anos, foram 169 sepultamentos, com 16 deles sendo de cidadãos japoneses, muitos casados com estrangeiros.
O contexto histórico e a legalidade
O sepultamento não é proibido no Japão, mas exige aprovação municipal e deve ocorrer em cemitérios designados. Historicamente, o sepultamento no Japão era a norma global, incluindo no país. Segundo o professor Keisuke Sato, da Universidade Sophia, a mudança para a cremação na era Meiji foi motivada por preocupações com a escassez de terras e riscos de saúde pública.
Hoje, apenas cerca de 10 cemitérios em todo o país aceitam sepultamentos. No entanto, a demanda por essa prática está ressurgindo, com consultas de diversas províncias como Miyagi, Niigata e Okinawa, além de Tóquio.
Diversificação das práticas funerárias
A procura por sepultamento no Japão também reflete uma diversificação mais ampla das práticas funerárias. Com o envelhecimento da população e a diminuição de sucessores para cuidar dos túmulos familiares, as pessoas buscam novas formas de honrar seus entes queridos. Segundo o professor Sato, o sepultamento é apenas mais uma opção entre o sepultamento natural e o sepultamento em árvores, por exemplo.
O Cemitério de Honjo já se prepara para o futuro, oferecendo terrenos para sepultamentos familiares que podem acomodar até seis pessoas. Várias famílias japonesas já fizeram reservas, o que demonstra a consolidação da tendência. O local tem potencial para realizar até 3.000 sepultamentos no futuro.
A oposição e o caminho a seguir
Nem todas as iniciativas de sepultamento no Japão seguem em frente. Na província de Miyagi, o governador Yoshihiro Murai considerou a criação de um cemitério para atender à demanda, mas abandonou a ideia devido a preocupações ambientais.
Esse caso demonstra que, embora a demanda por sepultamento cresça, o processo não é isento de desafios. Contudo, a diversificação das práticas funerárias no Japão é uma tendência clara, com o sepultamento tradicional ganhando espaço como uma alternativa significativa e culturalmente relevante.
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