O rápido avanço da IA impulsiona a construção de data centers, gerando atritos em Tóquio. Entenda a preocupação dos moradores com ruído, calor e as novas diretrizes ambientais.
Com o rápido aumento na construção de data centers próximos a áreas residenciais, especialmente impulsionado pelo surgimento de serviços de Inteligência Artificial (IA), um número crescente de moradores em Tóquio tem se manifestado, exigindo mais consideração e atenção às suas condições de vida. A necessidade de lidar com o enorme volume de informações requerido pela IA tem feito com que data centers sejam erguidos sucessivamente, muitos deles perto de condomínios e casas.
A principal preocupação dos moradores reside no calor e no ruído gerados por essas instalações. Em bairros como Koto, em Tóquio, o impacto ambiental negativo potencial no ambiente residencial é uma questão crítica. Especialistas já alertam: o governo deve estabelecer uma diretriz ambiental sobre data centers o mais rápido possível.
Conflito na Construção de Data Centers
Um caso notável é a construção de um data center pela Hulic Co., uma grande imobiliária, no distrito de Shiohama, no bairro de Koto. A área, que mistura armazéns e condomínios, é palco de uma obra que gera ruídos de construção e ansiedade entre os vizinhos.
Yuki Mizoi, morador de um condomínio adjacente, expressou seu receio: “Temo que os ruídos e a descarga de calor residual possam continuar o dia todo devido ao funcionamento ininterrupto da instalação.” Os servidores precisam ser resfriados com equipamentos que liberam calor para o exterior, e a falta de leis que regulamentem essa descarga agrava o problema. Em resposta, a associação de condomínio de Mizoi enviou diversas cartas à Hulic, buscando maior consideração. A empresa afirma levar a opinião dos moradores “muito a sério” e manter discussões constantes.
Ações Governamentais e o Efeito de Ilha de Calor
Diante da situação, o Gabinete do Distrito de Koto implementou medidas para mitigar os atritos. Uma portaria distrital exige que as empresas notifiquem os moradores vizinhos sobre a construção com uma placa informativa. Inicialmente com 90 dias de antecedência, o prazo foi antecipado para 120 dias antes do início dos pedidos de construção de data centers.
Além disso, as diretrizes do bairro instam as empresas a indicar claramente a localização das unidades compressoras de ar-condicionado externo. Um funcionário do escritório do bairro ressalta que essas ações incentivam as empresas a oferecer explicações cuidadosas aos moradores.
Atritos semelhantes também ocorreram em Hino e Akishima, pois a preferência por locais próximos a áreas residenciais na região metropolitana de Tóquio se deve, em parte, ao melhor acesso para gerenciamento e manutenção das instalações.
O Crescimento do Mercado e a Busca por Diretrizes
De acordo com o Fuji Chimera Research Institute Inc., a maior parte dos data centers no Japão (63%) está na região de Kanto, principalmente em Tóquio. Com o mercado de data centers estimado em cerca de ¥ 4 trilhões no ano passado e previsão de crescimento contínuo, as disputas entre moradores e empresas tendem a aumentar.
O professor Ichiro Sato, especialista em ciência da informação, destacou a preocupação com o efeito de ilha de calor causado pelo calor residual. Ele espera que o governo crie uma diretriz ambiental que possa prevenir efeitos negativos.
Em um movimento proativo, o Conselho de Data Centers do Japão, uma associação do setor, planeja elaborar suas próprias diretrizes até o final do ano fiscal. O objetivo é estipular como proteger os ambientes próximos e levar em consideração os moradores. Naohiro Masunaga, chefe do secretariado do conselho, admitiu que as explicações aos moradores foram “insuficientes em alguns casos” e reforçou a necessidade de um processo para buscar a compreensão da comunidade.
**Portal Mundo-Nipo**
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