Descendente de japonês visita o Japão pela primeira vez após 82 anos para conhecer irmãos e entender as raízes de sua família.
O reencontro com as raízes pode demorar décadas, mas para José Takei, esse momento chegou. Aos 82 anos, o descendente de japonês que vive nas Filipinas embarca em uma viagem emocionante para o Japão. Ele deseja conhecer os irmãos que vivem em Osaka e visitar o túmulo do pai, que nunca chegou a reencontrar.
Infância marcada pelo silêncio e pela guerra
Nascido em 1943, José é filho de Benita Abril e Ginjiro Takei, um engenheiro japonês que trabalhava para a Companhia Ferroviária Nacional das Filipinas. Durante a Segunda Guerra Mundial, Ginjiro foi forçado a retornar ao Japão, deixando a esposa grávida e uma promessa: voltar. A única lembrança física deixada foi uma boneca, perdida nos anos turbulentos do pós-guerra.
Na infância, José acreditava que seu padrasto era seu pai. Aos oito anos, começou a questionar sua origem após ouvir comentários de vizinhos. A mãe confirmou que seu pai biológico era japonês e havia retornado ao Japão.
Bullying e estigma por ser descendente de japonês
Na época, o sentimento antijaponês nas Filipinas era intenso. José sofreu bullying e era frequentemente insultado. Por muito tempo, alimentou uma raiva silenciosa por ter sido deixado para trás. Com o passar dos anos, esse sentimento se transformou em curiosidade sobre suas origens.
Descobrindo a verdade sobre o pai
Em 2009, com o apoio do Centro de Apoio Jurídico Filipino Nikkei-jin e acesso a registros do governo japonês, José finalmente identificou o pai. Ginjiro retornou ao Japão após a guerra, viveu em Osaka e faleceu em 2005 — coincidentemente, o mesmo ano da morte de sua mãe.
No ano passado, José viu pela primeira vez uma fotografia de seu pai. Seus filhos comentaram a semelhança física entre eles.
O impacto da política de cidadania e os apátridas
Muitos nipo-filipinos de segunda geração enfrentaram dificuldades para obter qualquer cidadania, devido à legislação patriarcal da época. Filhos só podiam herdar a nacionalidade pelo pai. Mesmo com o apoio do governo japonês desde 1995, muitos ainda têm dificuldades de registro por falta de documentos.
Segundo o centro jurídico, estima-se que 372 nipo-filipinos da segunda geração não possuem cidadania japonesa, sendo a maioria com mais de 83 anos.
Uma visita que simboliza milhares de histórias
Durante sua visita ao Japão, José espera conversar com seus irmãos sobre a vida do pai e entender os motivos que o impediram de cumprir sua promessa. Sua história simboliza o reencontro tardio de muitos descendentes com suas raízes japonesas.


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