Crédito: Japan Times – 01/04/2023 – Sábado
Seu corpo em decomposição foi encontrado em um apartamento degradado em Seul cerca de um ano depois de sua morte, descoberto apenas depois que funcionários do governo tentaram despejá-la por não pagar o aluguel.
A mulher, de 49 anos, era bem conhecida na comunidade de desertores norte-coreanos. Depois de fugir da nação reclusa no início dos anos 2000, ela logo se tornou uma história de sucesso para o programa de reassentamento da Coreia do Sul – até aconselhando outros desertores sobre como fazer a transição para a vida em uma nação moderna.
Por isso, foi um choque para os desertores que demorassem tanto para encontrar a mulher, cujo nome e causa da morte não foram divulgados publicamente depois que seu corpo foi descoberto em outubro.
“Por fim, ela foi encontrada como um esqueleto, o que mostra que a sociedade de desertores norte-coreanos tem um problema sério”, disse Lee Na-kyung, que deixou a Coreia do Norte em 2005 e agora dirige uma associação que apóia milhares de outras mulheres que fugiram para Coreia do Sul. “Ela sofreu de depressão por muito tempo sem deixar ninguém saber.”
O que é ainda pior: não é a primeira vez que algo assim acontece.
Em 2019, os corpos em decomposição da desertora norte-coreana Han Seong-ok, 42, e seu filho de 6 anos, Kim Dong-jin, foram encontrados em seu apartamento cerca de dois meses depois de morrerem de aparente fome. Depois de fugir da pobreza e da escassez de alimentos na Coreia do Norte, eles se viram incapazes de comprar alimentos na Coreia do Sul, onde a atividade econômica gerada em uma semana é aproximadamente igual à que a Coreia do Norte produz em um ano.
Enquanto refugiados da Guatemala à Ucrânia e à Síria lutam para se adaptar à vida na Coreia do Sul, o reassentamento dos norte-coreanos deveria, em teoria, ser mais fácil porque eles estão se mudando para um país com língua, cultura e tradições comuns. Mas as décadas de isolamento da Coreia do Norte e a falta de informações sem censura causaram uma grande cisão com a Coreia do Sul, que construiu uma economia que fornece produtos de alta tecnologia para todas as partes do globo.
O presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol, um conservador que assumiu o cargo há cerca de um ano, prometeu facilitar a vida dos desertores. Um plano que seu governo anunciou no ano passado envolve mais oportunidades de networking para desertores, bem como mais serviços para pessoas de baixa renda. Também fornece consultas aprimoradas para saúde mental, maiores incentivos para empregadores que procuram contratar desertores e sistemas educacionais aprimorados para crianças. O plano não revela detalhes sobre as despesas.
Foto: Japan Times (Um bloco de apartamentos onde acredita-se que muitos desertores norte-coreanos vivam, no bairro de Gayang-gu em Seul | BLOOMBERG)