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Eleições de Liderança no Japão Uma Revolução na Cultura de Trabalho

- 27 de junho de 2025
Descubra como empresas japonesas estão permitindo que funcionários escolham seus chefes, impulsionando a satisfação e produtividade no trabalho.

Descubra como empresas japonesas estão permitindo que funcionários escolham seus chefes, impulsionando a satisfação e produtividade no trabalho.

A cultura de trabalho japonesa está em constante evolução, e uma inovadora abordagem tem ganhado destaque: permitir que os funcionários escolham seus chefes. Essa iniciativa, que já se consolidou em algumas empresas de Tóquio com eleições em larga escala, surge como resposta à crescente insatisfação de trabalhadores com seus superiores, um dos principais motivos para pedidos de demissão. Essa tendência promissora visa transformar ambientes de trabalho, tornando-os mais produtivos e acolhedores.

O Exemplo da Dr. Stretch: Democracia na Gestão

Um evento recente em Tóquio ilustrou essa nova era. Cerca de 1.000 funcionários da Dr. Stretch, uma rede de terapia de alongamento, participaram de uma eleição animada para selecionar seus gerentes de área. Candidatos, com discursos de campanha entusiasmados, prometiam criar “ambientes de trabalho onde todos possam ser eles mesmos” e transformar ideias em realidade. A votação, realizada via smartphone, culminou na eleição de Takao como o novo gerente, demonstrando o poder da escolha dos funcionários.

Por Que a Escolha do Chefe Aumenta a Produtividade?

Kurokawa, presidente da Dr. Stretch, justifica essa abordagem inovadora: “O sistema mais saudável é aquele em que os chefes não decidem quem é promovido ou quanto as pessoas ganham. As promoções devem ser determinadas pelos colegas, enquanto os salários refletem o desempenho individual. Essa abordagem aumenta significativamente a produtividade.” Os funcionários corroboram, descrevendo o sistema como justo e inovador, abrindo portas para que qualquer pessoa, independentemente de sua trajetória, possa ascender a cargos de liderança ao escolher seus chefes.

Sakura Structural Design: Um Caso de Sucesso com Transferências Internas

A Sakura Structural Design, especializada em projetos arquitetônicos, também adotou um sistema similar. Risa Watanabe, uma funcionária que considerava deixar a empresa devido a um relacionamento complicado com seu supervisor, Yamada, encontrou solução no sistema anual de transferências internas. Este sistema inclui um detalhado “manual do gerente”, que descreve pontos fortes e fracos de todos os supervisores disponíveis. Yamada, por exemplo, foi descrito como possuidor de amplo conhecimento e proficiência em Excel, mas com dificuldade em interagir com funcionárias.

Watanabe optou por trabalhar com Sugano, um gerente que prioriza o bem-estar da equipe. A experiência foi tão positiva que, na seleção seguinte, ela escolheu novamente Yamada como supervisor, percebendo que a reflexão de Yamada sobre a perda de Watanabe o levou a aprimorar suas habilidades de liderança.

Resultados Transformadores e Desafios Futuros

Desde a implementação deste sistema, a Sakura Structural Design registrou uma queda drástica na taxa de rotatividade, de 11% para impressionantes 0,9%. Kurokawa acredita que esse processo mantém executivos e gerentes cientes da constante avaliação de suas equipes.

Contudo, alguns especialistas alertam que a eleição direta de chefes pode não ser aplicável a cargos de alta gerência, cujas responsabilidades são menos visíveis aos subordinados. Sistemas de avaliação mais abrangentes, como as avaliações 360 graus, têm se popularizado, mas ainda exigem reformas organizacionais profundas para consistência.

O Que os Funcionários Desejam de Seus Líderes?

Jovens trabalhadores japoneses buscam chefes flexíveis, que incentivem novas ideias e tenham fortes habilidades de negociação para defender a equipe. Embora valorizem o crescimento profissional, muitos concordam que algum nível de pressão é necessário. Pesquisas indicam que chefes autoritários, inflexíveis e com comportamento inconsistente são os mais impopulares.

No mercado de trabalho atual, onde o emprego vitalício não é mais a norma, a visão hierárquica tradicional está ultrapassada. Empresas são incentivadas a promover relacionamentos horizontais, onde gerentes e funcionários se apoiam mutuamente. O foco muda de “cargos” para “funções”, impulsionando a produtividade e a satisfação.

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