A coalizão chama o envolvimento do governo de “uma ameaça à liberdade da fé”.
Neste último 22 de outubro, autoridades de todo o mundo reuniram-se no Palácio Imperial de Tokyo para a cerimônia de entronização do Imperador Naruhito. No entanto, um dia antes do evento, uma assembleia se preparava para uma reunião um tanto quanto, menos comemorativa.
O Conselho Nacional Cristão do Japão, bem como várias organizações protestantes e católicas japonesas, realizaram uma conferência conjunta, na segunda-feira, para se manifestar contra a cerimônia de entronização e outros eventos relacionados ao imperador Naruhito.
Para começar entendendo melhor o ponto de vista deles, precisamos explicar que, na tradição japonesa, os imperadores japoneses são descendentes de Amaterasu, a deusa do sol e a mais reverenciada das entidades xintoístas. Por conta disso, várias cerimônias monarcas, são imersas na tradição da deusa, que envolve a participação de sacerdotes e uso de artefatos religiosos.
A queixa dos grupos cristãos, não eram diretamente às cerimônias, mas pelo fato de que o governo japonês estaria usando o dinheiro público para pagar por um evento de uma religião que não cobre a todos. Eles disseram que utilizar o dinheiro público para tais fins “viola a constituição da separação do governo e religião”.
Eles também disseram que o envolvimento do governo nesse tipo de ritual “é uma ameaça à liberdade religiosa”.
Com a conferência de imprensa ocorrendo um dia antes da cerimônia, os grupos também mostraram sua insatisfação quanto ao feriado de Daijosai (Grande Festival de Ação de Graças), que está programado para ser realizado em 14 de novembro.
No Daijosai, o novo imperador faz uma oferta cerimonial de arroz abençoado, saquê e outros alimentos para Amaterasu, depois participa da própria recompensa para solidificar sua conexão com a divindade. Os custos do Daijosai de Naruhito, que inclui a construção de dois salões cerimoniais, são estimados em aproximadamente 2,7 bilhões de ienes
O protesto dos grupos cristão evoca o sentimento de crítica, não ao imperador, mas à cultura da religião propagada, mesmo nos dias de hoje.
No entanto, os protestos não tiveram efetividade e o futuro das cerimônias continuam programadas para ocorrer como planejado, para manter a tradição japonesa viva até o fim dos tempos.
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