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Honra de um homem manchada pela sobrevivência

- 22 de maio de 2019

Masabumi Hosono foi o único japonês à bordo do Titanic em 1912. Na época, o homem tinha 41 anos, trabalhava como funcionário público no Japão e naquele momento estava voltando de um longo período de trabalho na Europa, quando recebeu a notícia que o navio havia se chocado contra um iceberg e estava afundando.




 

Hosono não só era estrangeiro como também passageiro de segunda classe no navio. Como tal as ordens eram para que o japonês fosse para o térreo, longe dos botes de salva-vidas, porém ele conseguiu chegar ao convés, onde ouviu um marinheiro dizendo que haviam dois lugar sobrando em um bote que já estava de partida.

Não demorou muito para que Hosono, pensando em sua esposa e seu filho tomasse a decisão de ocupar o lugar vago no bote.

Masabumi Hosono então, conseguiu se salvar do naufrágio do Titanic através do Lifeboat 13, um dos poucos botes salva-vidas do transatlântico.

Por muitos, poderia ser considerado um herói, mas ao chegar no Japão, a história não foi bem assim. Aliás, pode-se dizer que a maior tragédia da sua vida não foi estar à bordo do Titanic e sim ter sobrevivido a ele.

Ao chegar no Japão Hosono foi tratado como celebridade por ter marcado história por estar abordo do Titanic. Porém, passado algum tempo, o japonês foi criticado e seu ato foi comparado à de Benjamin Guggenheim, um magnata que em um ato de cavalheirismo, preferiu vestir-se com o seu melhor traje de gala, e junto com seu fiel servo, esperou pela morte no bar do navio, ao invés de ocupar o lugar de uma mulher ou de uma criança em um bote salva-vidas.

Para uma sociedade de 1912, as atitudes de Hosono foram severamente criticadas, dadas as virtudes samurais e a sobrevivência de Hosono foi visto como um ato covarde.

Para os japoneses da época, Hosono não fez nenhum feito digno de nota. Apenas sobreviveu… e aparentemente às custas de uma das centenas de vidas que não tiveram a mesma sorte.

Outro motivo do homem ser tão criticado foi por ele pertencer a uma linhagem de samurais, que como sabemos são conhecidos por suas “mortes honrosas”.

Hosono foi demitido do emprego, passou a ser bombardeado com mensagens de ódio por seus próprios compatriotas , seu “ato de covardia” foi sido usado como exemplo nas escolas da época e sua própria filha em idade escolar teve que conviver com as calúnias voltadas ao seu pai.

Hosono foi tornando-se um homem cada vez mais recluso e sempre discreto quando o assunto era sobre o Titanic. Talvez, o arrependimento e o desejo de tirar a própria vida tenha passado por sua mente diversas vezes.

Porém logo após o terremoto de Kanto no ano de 1923, Hosono foi convocado para trabalhar na rede ferroviária japonesa, já que era um profissional muito qualificado na área. E assim foi sua vida, até morrer por causas naturais em 1939, aos 68 anos de idade.

Você acha que Hosono fez certo ao voltar a sua família ou você acha que ele deveria ter honrado as virtudes do Japão da época?

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Masabumi Hosono

Fonte: Mundo-Nipo

1 comentário
    Rosivaldo Oliveira

    Não. Nenhuma vida pode ser perdida de forma tão trágica, ele fez certo seus compatriotas não mereciam porque não entenderam as circunstâncias daquela tragédia o Titanic afundou por permissão de Deus.

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