O horário de verão no Japão (samaa taimu) pode retornar? Conheça a polêmica história, os benefícios ambientais e econômicos e a tecnologia que apoiam a restauração da prática.
O horário de verão no Japão, conhecido como samaa taimu, tem uma história controversa. Uma das medidas mais impopulares da ocupação militar americana no pós-guerra foi a sua imposição em maio de 1948. A resistência popular foi tão forte que, mesmo antes do fim oficial da ocupação em 1952, as autoridades japonesas conseguiram abolir a prática três semanas antes.
A memória negativa está ligada à percepção de que o sistema apenas forçava os trabalhadores a uma hora extra de labuta. Takahiro Suzuki, da Hyakunen Consulting, explica que na geração de seu pai, “dizia-se que um trabalhador não podia ir para casa até o pôr do sol, então a única coisa que se ganhava era uma hora extra de trabalho.”
Por Que a Restauração Está em Debate?
Quase 80 anos depois, figuras políticas como Yoichi Miyazawa, do Partido Liberal Democrata, defendem a restauração do horário de verão no Japão. Miyazawa argumenta que a mudança traria benefícios diretos:
- Melhora na Saúde e Bem-Estar: Pessoas iriam e voltariam do trabalho com a temperatura mais amena, aliviando o estresse e melhorando o humor.
- Vida Social e Lazer: Voltar para casa com o dia claro permitiria mais tempo para refeições com amigos ou lazer, como o golfe.
- Menos Insônia: O ajuste poderia mitigar a falta de sono causada pelo início precoce das altas temperaturas no verão.
Benefícios Comprovados e a Iniciativa Empresarial
Apesar da polêmica, algumas empresas já estão adotando o conceito internamente. A rede de lojas de conveniência FamilyMart lançou seu “Horário de Verão em Família,” adiantando o expediente em uma hora de meados de julho a setembro. Pesquisas internas da empresa revelaram que 25,7% dos funcionários relataram uma redução na jornada total de trabalho, incluindo horas extras.
O Impacto na Segurança e Economia
Especialistas internacionais apontam outros benefícios do horário de verão:
- Segurança Pública: Steve Calandrillo, professor da Universidade de Washington, afirma que “a escuridão é aliada dos criminosos.” Adicionar uma hora extra de luz à noite é um grande benefício para a prevenção do crime e na redução de acidentes de trânsito.
- Impulso Econômico: Um estudo de 2016 do JPMorganChase Institute, analisando Los Angeles, constatou que os gastos com cartão de crédito caíram 3,5% após o fim do horário de verão.
- Consciência Ambiental: Hidetoshi Nakagami, CEO do Instituto de Pesquisa Jyukankyo, projeta que a implementação poderia resultar em uma economia anual equivalente a 910.000 quilolitros de petróleo bruto, incentivando a consciência ambiental.
A Tecnologia a Favor da Mudança
A praticidade sempre foi um obstáculo. No entanto, Takahiro Suzuki destaca que a tecnologia moderna pode resolver esse problema. Computadores e smartphones podem ser configurados para mudar para o horário de verão no Japão automaticamente, sincronizados via protocolos de rede. Companhias aéreas, ferrovias, bancos e bolsas de valores poderiam incorporar a mudança de forma simples com atualizações periódicas.
Ademais, Suzuki argumenta que os investimentos necessários para modificar os sistemas injetariam dinheiro novo na economia.
O Risco da Resistência à Mudança
Apesar dos claros benefícios em potencial, o horário de verão no Japão enfrenta a aversão cultural à mudança. Há quem diga que os japoneses resistem ao progresso por considerá-lo “inconveniente.” Contudo, o texto levanta a questão: não foi esse tipo de pensamento que contribuiu para as famosas “três décadas perdidas” do Japão?
A adoção do samaa taimu pode, de fato, ser o passo necessário para garantir um futuro mais brilhante para o Japão.
**Portal Mundo-Nipo**
Sucursal Japão
