
Físico japonês desenvolve relógio atômico ultrapreciso, com erro de 1 segundo em 30 bilhões de anos. Tecnologia inovadora com potencial para previsão de terremotos e mais.
O atual padrão global para medir o tempo, baseado na oscilação dos átomos de césio, possui uma margem de erro de apenas um segundo a cada 60 milhões de anos. Embora pareça incrivelmente preciso, o físico japonês Hidetoshi Katori, da Universidade de Tóquio, busca superar essa marca. Ele está desenvolvendo um novo sistema de cronometragem com uma precisão sem precedentes, alcançando uma margem de erro de apenas um segundo em 30 bilhões de anos. Essa inovação na medição do tempo pode revolucionar diversas áreas, incluindo a previsão de eventos geológicos como terremotos e erupções vulcânicas.
O Novo Padrão de Tempo Ultrapreciso do Japão
O trabalho de Katori integra um esforço mais amplo do Japão em liderar o desenvolvimento de infraestrutura industrial de ponta. Em uma entrevista, o escritor Hideo Aiba explora as vastas implicações da cronometragem ultraprecisa na construção de sociedades futuras, onde a exatidão do tempo se torna um pilar fundamental para avanços tecnológicos e científicos.
A Base da Precisão Temporal e a Busca por Mais
A precisão do tempo é essencial para as tecnologias modernas. Sistemas como o GPS dependem de relógios atômicos de alta exatidão em satélites para determinar localizações com margem de erro de poucos metros. Esses relógios de césio, com seu desvio mínimo, estabeleceram o padrão mundial. Contudo, Katori acredita que a humanidade pode e deve almejar uma precisão ainda maior. Seu objetivo é criar um sistema de medição do tempo tão exato que, mesmo em um período duas vezes superior à idade do universo, o erro acumulado não ultrapassaria um segundo.
Aplicações Revolucionárias da Cronometragem Ultraprecisa
As aplicações potenciais da cronometragem ultraprecisa são vastas e transformadoras. Uma delas é a possibilidade de medir variações mínimas no tempo causadas por diferenças gravitacionais. Isso poderia levar ao desenvolvimento de relógios capazes de medir a elevação com uma precisão superior aos métodos tradicionais. Essa nova forma de altimetria, baseada no tempo, poderá constituir a infraestrutura social da próxima geração.
O Centro de Pesquisa em Saitama e o Relógio de Estrôncio
Essa pesquisa inovadora ocorre no centro de pesquisas da RIKEN, na província de Saitama. É lá que Katori e sua equipe estão desenvolvendo o primeiro relógio fundamentalmente novo do Japão, utilizando átomos de estrôncio em vez de césio para alcançar uma precisão sem precedentes.
A Mecânica da Precisão: Césio versus Estrôncio
Enquanto os relógios atômicos de césio medem a frequência da radiação de micro-ondas absorvida pelos átomos de césio, o relógio de rede óptica de Katori emprega luz laser para aprisionar átomos de estrôncio em uma estrutura em forma de grade. Dentro dessa rede óptica, os átomos são bombardeados com luz laser para medir sua oscilação com extrema precisão, marcando um avanço significativo na medição do tempo.
Átomos Visíveis e a Frequência da Precisão
Um aspecto surpreendente da tecnologia de Katori é a capacidade de transformar átomos de estrôncio, normalmente invisíveis, em pontos flutuantes. Cada ponto contém cerca de 10 milhões de átomos mantidos imóveis por lasers, permitindo medições incrivelmente precisas. A diferença crucial reside na frequência de operação. Os relógios de césio operam em torno de 9 bilhões de ciclos por segundo, enquanto os relógios ópticos de estrôncio alcançam cerca de 400 trilhões de ciclos por segundo, um aumento de quatro a cinco ordens de magnitude que impulsiona a precisão da medição do tempo.
Superando os Limites da Precisão Atual
Os relógios de césio atuais atingem uma precisão de 10⁻¹⁵, o que equivale a um erro de um segundo a cada 60 milhões de anos. O relógio de rede óptica de estrôncio de Katori eleva essa precisão para 10⁻¹⁸, reduzindo o erro para apenas um segundo a cada 30 bilhões de anos. Essa melhoria substancial abre novas fronteiras para a ciência.
O Futuro da Cronometragem Ultraprecisa
A busca de Katori não se limita a essa marca impressionante. Ele continua a trabalhar em direção a uma precisão ainda maior, com a convicção de que a cronometragem ultraprecisa revelará capacidades inéditas na ciência, na geofísica e na sociedade como um todo, impulsionando ainda mais o campo da medição do tempo.


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