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Japão paga R$ 3.000, mas não adianta: poucos querem ter filhos

- 30 de dezembro de 2022

O governo do Japão planeja presentear pais que tiverem bebês com 80 mil ienes extras — o equivalente a R$ 3,1 mil – a partir de abril de 2023. Hoje, no nascimento de uma criança, os responsáveis já recebem 420 mil ienes (cerca de R$ 16,2 mil). Por diversos motivos, o valor não parece suficiente para convencer os casais a engravidarem. O custo médio para se ter um bebê no Japão fica em torno de 437 mil ienes (cerca de R$ 16,9 mil), de acordo com o jornal japonês Mainichi.

Por que os casais não querem receber por mais filhos? Custo de vida alto no país Estagnação da renda Falta de vaga em creches Além disso, um dos principais gastos para os pais é o das aulas extras, conhecidas como juku. Elas são voltadas a garantir que as crianças entrem em uma boa escola secundária e, depois, em uma boa universidade. O ensino superior no Japão dura geralmente quatro anos e pode drenar os recursos das famílias, mesmo se o estudante trabalhar meio período. E com salários praticamente inalterados em mais de uma década e os custos diários subindo com a inflação, as pressões são maiores do que nunca.

O objetivo do governo é tentar deter o declínio alarmante da taxa de natalidade no país, já que a divulgação das últimas estatísticas preocupou os japoneses. Em 2021, foram contabilizados 125,7 milhões de japoneses no país – abaixo do pico de 128 milhões, registrados em 2017. Previsões da revista científica The Lancet, de antes da pandemia, indicam que a população do Japão deve diminuir para 53 milhões até o final do século. Nas últimas décadas, os japoneses têm optado por se casar mais tarde e ter poucos filhos — uma decisão tomada em grande parte devido a preocupações econômicas. Dados do Ministério da Saúde local mostraram que apenas 384.942 bebês nasceram no país nos seis primeses do ano, uma queda de 5% em relação ao mesmo período do ano passado.

A pasta prevê ainda que o número de nascimentos ficará abaixo dos 811.604 registrados em 2021. E, provavelmente, não atingirá a marca de 800 mil. Isso nunca aconteceu desde o início da contagem, em 1899.

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