Sanae Takaichi é a primeira mulher primeira-ministra do Japão, uma linha-dura conservadora comparada a Margaret Thatcher. Conheça seus planos econômicos arriscados e tensões com a China.
A política japonesa marca um ponto de virada histórico. A conservadora de linha-dura, Sanae Takaichi, foi eleita pelo parlamento na terça-feira como a primeira mulher primeira-ministra do Japão. Emulando sua heroína, a falecida líder britânica Margaret Thatcher, Takaichi assume o cargo após semanas de intensa disputa política.
Sua vitória se deu após vencer uma corrida, inicialmente exclusivamente masculina, para ser escolhida como líder do seu Partido Liberal Democrata (PLD) em 5 de outubro. Posteriormente, Takaichi precisou lutar para consolidar apoio, especialmente após o parceiro de coalizão mais moderado do partido abandonar a aliança de 26 anos.
2. Planos Econômicos e Tensões Geopolíticas
A atenção agora se volta para as propostas ousadas da primeira mulher primeira-ministra do Japão. Seus planos de gastos grandiosos podem afetar a confiança dos investidores em uma das economias mais endividadas do mundo. Analistas políticos também apontam para suas posições nacionalistas, que têm potencial para gerar atritos com a poderosa vizinha, a China.
Em sua primeira coletiva de imprensa, Takaichi, de 64 anos, declarou: “O Japão agora enfrenta graves desafios internos e externos, e não temos tempo para ficar parados.”
A Defensora da ‘Abenomics’
- Generosidade Fiscal: Ao contrário de Thatcher, conhecida por seu orçamento rigoroso, Takaichi defende a generosidade fiscal e políticas monetárias flexíveis.
- Apoio a Abenomics: Ela é uma defensora de longa data das políticas de estímulo “Abenomics” do falecido primeiro-ministro Shinzo Abe.
- Maior Gasto: Prometeu maiores gastos e cortes de impostos.
- Influência Governamental: Defendeu a reafirmação da influência do governo sobre o Banco do Japão, uma medida que abalou a confiança dos investidores na quarta maior economia do mundo.
3. As Inspirações e o Perfil de Sanae Takaichi
Ex-ministra da Segurança Econômica e do Interior, Takaichi faz repetidas referências a Thatcher como fonte de inspiração. Ela cita o forte caráter, as convicções e, notavelmente, o “calor feminino” da Dama de Ferro.
Assim como Thatcher, a origem de Takaichi é relativamente humilde, contrastando com muitos líderes do PLD que vêm de famílias políticas de elite:
- Sua mãe era policial.
- Seu pai trabalhava em uma montadora.
Baterista e Nacionalista
A primeira mulher primeira-ministra do Japão é descrita como uma “noisemaker” (criadora de barulho), sendo baterista e fã de heavy metal. Suas posturas políticas mais controversas incluem:
- Santuário Yasukuni: É visitante regular, um local visto por alguns vizinhos asiáticos como símbolo do passado militarista japonês.
- Constituição: É a favor da revisão da constituição pacifista do Japão pós-guerra.
- Taiwan: Sugeriu que o Japão poderia formar uma “aliança quase de segurança” com Taiwan, ilha reivindicada pela China.
- Questões Sociais: Opõe-se ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e à permissão para que casais tenham sobrenomes separados, um tema de forte oposição nos círculos conservadores.
4. O Lado Mais Suave da Conservadora
Apesar de sua imagem de linha-dura, amigos e apoiadores de Nara, sua cidade natal, destacam um lado mais brando. Seu cabeleireiro, Yukitoshi Arai, afirmou que até seu penteado, apelidado de “Corte Sanae”, foi intencionalmente criado para demonstrar atenção.
“Ele tem um visual elegante, estiloso. As laterais são longas, mas ela as coloca deliberadamente atrás das orelhas como forma de mostrar que ouve atentamente os outros.”
Takaichi se formou em administração de empresas pela Universidade de Kobe e iniciou sua carreira política conquistando uma cadeira na Câmara Baixa em 1993. Sua ascensão como a primeira mulher primeira-ministra do Japão marca, inegavelmente, um novo e complexo capítulo na política do país.
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