Plano de cinco anos para remoção de resíduos em Fukushima gera incertezas entre moradores e debate sobre viabilidade até o prazo final de 2045.
Um plano estratégico aprovado pelo governo japonês busca avançar com a remoção de materiais resultantes do acidente nuclear de 2011, em Fukushima. A proposta cobre ações para os próximos cinco anos e pretende cumprir a meta de retirar todo o material da província até março de 2045. No entanto, comunidades locais manifestam preocupações com os prazos e com a falta de clareza sobre os próximos passos.
Etapas do plano e prazos estabelecidos
O plano define que até 2030 serão iniciadas as avaliações para selecionar locais onde os resíduos poderão ser levados. A escolha final está prevista para ser concluída até 2035. A expectativa é que todo o processo esteja encerrado até o fim do prazo de duas décadas.
Histórico da contaminação e situação atual
Após o desastre nuclear, medidas emergenciais removeram a camada superficial do solo afetado por radiação. Desde 2015, esse material está armazenado em áreas temporárias nas cidades de Okuma e Futaba. Estima-se que cerca de 14 milhões de metros cúbicos estejam estocados atualmente.
Compromissos assumidos com as comunidades locais
A maior parte dos depósitos temporários foi instalada em áreas que antes eram agrícolas ou residenciais. As comunidades concordaram com a armazenagem sob a condição de que o material fosse posteriormente transferido para fora da província.
Estratégias de redução de volume
Para acelerar a remoção, o governo pretende reutilizar parte do material com níveis muito baixos de radioatividade em obras públicas por todo o país. Cerca de 75% do volume total se enquadra nessa categoria. O restante, com níveis mais elevados, será transportado para locais fora da província para descarte definitivo.
Testes iniciais e novas aplicações
Está prevista, a partir de setembro, a realocação de pequenos volumes do material para escritórios do governo em Tóquio, com o objetivo de avaliar sua aplicação segura. O uso poderá se estender a instituições públicas e privadas de outras regiões, incluindo filiais locais.
Questionamentos sobre viabilidade
Apesar do avanço, ainda existem muitas incertezas. O governador de Fukushima, Masao Uchibori, reconheceu o plano como um progresso, mas alertou para a falta de detalhes sobre como o governo pretende adquirir terras e viabilizar as etapas futuras.
Um representante do Ministério do Meio Ambiente explicou que os cinco anos iniciais são necessários para estudar aspectos técnicos e realizar um diálogo mais aprofundado com a população.
Impacto na recuperação e no retorno da população
As cidades de Okuma e Futaba ainda enfrentam grandes desafios na recuperação. Atualmente, Okuma conta com pouco mais de mil habitantes, enquanto Futaba tem menos de duzentos — menos de 10% dos números anteriores ao desastre.
Autoridades locais temem que a incerteza em torno da destinação final desestimule o retorno de antigos moradores. Uma residente de 78 anos, que cedeu sua terra para armazenamento, expressou seu receio de que a área se torne uma solução definitiva. Já o prefeito de Okuma, Jun Yoshida, fez um apelo ao governo central por mais agilidade e definições concretas.


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