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Prefeituras japonesas sofrem onda de telefonemas por boatos sobre segurança e imigração

- 28 de agosto de 2025
Boatos sobre imigração e segurança causam pânico em cidades japonesas. Entenda os fatos por trás da confusão e o impacto nas prefeituras locais.

Prefeituras japonesas enfrentam ligações após boatos sobre imigração e segurança. Entenda o que motivou a confusão e como as autoridades reagiram.

Boatos espalhados pelas redes sociais estão gerando preocupação em diversas cidades japonesas após a nomeação de quatro municípios como cidades-sede de países africanos. As prefeituras têm enfrentado uma enxurrada de telefonemas de cidadãos assustados com supostos planos de imigração em massa e aumento da criminalidade.

A cidade de Kisarazu, na província de Chiba, registrou mais de mil ligações, muitas delas não atendidas devido à sobrecarga dos atendentes. Os rumores começaram após uma conferência de cooperação com países africanos em Yokohama, quando a JICA (Agência Japonesa de Cooperação Internacional) anunciou a parceria com quatro cidades japonesas. Pouco tempo depois, o governo da Nigéria publicou que o Japão emitiria vistos especiais para jovens nigerianos talentosos — algo que foi prontamente negado pelas autoridades japonesas.


JICA desmente planos de imigração em massa

Tanto a JICA quanto o governo japonês esclareceram que o objetivo do programa é promover estágios profissionais e intercâmbio cultural, não abrir caminho para imigração permanente. Após a solicitação formal do Japão, o governo nigeriano removeu a nota de seu site. Mesmo assim, as postagens alarmistas continuaram a circular online.

Em um dos episódios mais inusitados, o nome da delegacia de Kisarazu foi alterado no Google Maps para “Delegacia do Governo da Nigéria”, reforçando os temores entre os moradores. As autoridades locais acreditam que a alteração foi feita por terceiros, em tentativa de desinformar a população.


Impacto em outras cidades e resposta oficial

Além de Kisarazu, outras três cidades — Sanjo (Niigata), Nagai (Yamagata) e Imabari (Ehime) — também enfrentaram um volume elevado de reclamações. Em todos os casos, prefeitos reforçaram que não há política de imigração envolvida, apenas projetos temporários e educativos.

O ex-vice-ministro das Relações Exteriores, Masahisa Sato, destacou que o termo “cidade natal” pode ter sido mal interpretado no exterior, sendo confundido com uma designação de origem étnica. A intenção, segundo ele, era estabelecer vínculos no estilo de “cidades-irmãs”.


Desinformação e clima político

Comentaristas sugerem que o crescimento da retórica excludente nas eleições recentes alimentou o ambiente de desconfiança. Enquanto nas Olimpíadas de Tóquio o espírito era de acolhimento, agora a narrativa em torno de estrangeiros se tornou mais tensa. Especialistas alertam que falhas na comunicação oficial podem levar ao isolamento internacional e prejudicar parcerias culturais e econômicas.


Reações da população local

Entre os moradores de Kisarazu, há opiniões divididas. Alguns veem a iniciativa como uma oportunidade de ampliar horizontes culturais e promover o esporte como ponte entre nações. Outros expressam receio quanto à capacidade das cidades de lidarem com novos residentes e à segurança pública. As prefeituras, por sua vez, cobram das agências nacionais explicações mais claras e efetivas para conter os efeitos da desinformação.

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