Pesquisadores instalam o primeiro radiotelescópio japonês na Antártida para desvendar a formação de estrelas, reforçando o continente como local ideal para observações cósmicas. Saiba mais!
Pesquisadores japoneses estão prestes a instalar o primeiro radiotelescópio japonês na Antártida. O objetivo é crucial: estudar como as estrelas são formadas. Esta iniciativa reforça a reputação do continente congelado como o melhor local do planeta para observar fenômenos cósmicos.
Cientistas da Universidade de Tsukuba e outras instituições planejam transportar o telescópio. O navio de observação Shirase levará o equipamento para a Estação Syowa na Antártida, já em novembro. De lá, ele será levado por um trenó até o local de instalação, a 1.000 quilômetros de distância.
As observações espaciais têm previsão de início para o próximo ano fiscal. Nario Kuno, professor de astronomia da Universidade de Tsukuba, expressa a ambição do projeto: “Faremos todo o possível para elucidar o mecanismo de formação de estrelas”.
O Segredo da Formação Estelar
Estrelas nascem pela atração gravitacional de imensas nuvens de gases e poeira. A equipe japonesa utilizará o radiotelescópio japonês na Antártida para estudar a densidade e a distribuição desses gases. Eles captarão ondas de rádio emitidas pelo monóxido de carbono.
“Examinaremos a distribuição de gás de alta densidade na galáxia”, explica Kuno.
Por Que a Antártida é o Local Perfeito?
Cientistas de diversas nações realizam estudos astronômicos na Antártida. Eles aproveitam seus longos períodos de dias claros e ensolarados. Além disso, o vapor d’água, que pode bloquear as ondas de rádio do espaço, é relativamente baixo no continente.
Estima-se que o nível de vapor d’água na Antártida seja cerca de um décimo do encontrado no Havaí, onde se localizam muitas instalações, como o Telescópio Subaru. Outra vantagem é a alta transmissividade atmosférica, que permite que as ondas de rádio passem com mais facilidade.
A Universidade Tohoku já citou a Estação Dome Fuji como o “lugar mais ideal na Terra para observação astronômica”. Kuno complementa: “O tipo de monitoramento de ondas de rádio que temos em mente só é possível na Antártida”.
O Radiotelescópio Japonês e os Desafios do Gelo
O radiotelescópio japonês na Antártida é compacto, com 30 centímetros de diâmetro. Será instalado próximo à Estação Dome Fuji, a uma altitude de 3.800 metros.
As observações ocorrerão nos períodos mais quentes, visto que as temperaturas podem cair para -40°C, mesmo no verão. Para evitar que o frio danifique o motor do telescópio, medidas especializadas estão sendo implementadas. Isso inclui o uso de aquecedores, isolamento do dispositivo e a adoção de materiais resistentes a baixas temperaturas.
O Instituto Nacional de Pesquisa Polar e o Instituto de Pesquisa Meteorológica já realizaram testes rigorosos de baixa temperatura.
O programa para instalar o radiotelescópio japonês na Antártida começou em 2004, superando dificuldades financeiras. A equipe japonesa planeja enviar pesquisadores por seis a sete semanas a cada verão. Há, inclusive, planos para construir uma nova base de observação para um telescópio maior de 12 metros.
Antártida Um Polo de Observação Cósmica
Os Estados Unidos, a China e a Europa já possuem telescópios na Antártida, confirmando seu valor científico.
O Telescópio do Polo Sul (SPT), por exemplo, contribuiu para a primeira imagem de um buraco negro, divulgada em 2019. A China também tem consolidado sua presença, instalando telescópios ópticos e de rádio e planejando a introdução de um telescópio maior.
O continente é também um centro de estudos de neutrinos, partículas elementares. O IceCube, o maior observatório de neutrinos do mundo, está na Antártida. A Universidade de Chiba é uma das participantes do monitoramento do IceCube, que já levou à descoberta de neutrinos de ultra-alta energia.
Atualmente, o IceCube passa por uma atualização. A futura instalação IceCube-Gen2, prevista para 2028, terá uma sensibilidade sete a oito vezes maior. Shigeru Yoshida, professor da Universidade de Chiba, tem grandes expectativas: “Exploraremos a astronomia de neutrinos mesmo na faixa de baixa energia. Nossa esperança específica é identificar objetos celestes e capturar o momento do nascimento de um buraco negro”.


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