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Shunga A arte erótica japonesa que revolucionou o prazer feminino

- 7 de setembro de 2025
Descubra a arte shunga, a forma de expressão erótica japonesa que vai além do tabu e explora a sensualidade e o prazer feminino de uma forma única.

Descubra a arte shunga, a forma de expressão erótica japonesa que vai além do tabu e explora a sensualidade e o prazer feminino de uma forma única.

Conhecida por suas representações explícitas de falos enormes e posições sexuais acrobáticas, a arte shunga japonesa de séculos atrás sempre foi um tema tabu. No entanto, uma rara exposição em Tóquio busca desmistificar o gênero e mostrar que ele é um universo à parte da pornografia convencional. A mostra, que apresenta cerca de 150 peças, incluindo desenhos ukiyo-e e xilogravuras do período Edo (1603-1868), destaca o prazer feminino como seu ponto central, desafiando a percepção de que essa forma de arte é apenas para o consumo masculino.

O shunga foi suprimido no final do século XIX, durante o movimento de ocidentalização do Japão, e o estigma persistiu por mais de um século, associando-o erroneamente à pornografia comercial. A exposição atual, no entanto, busca dissipar essa ideia. Segundo Verena Singmann, uma visitante alemã, a arte shunga é “muito diferente da pornografia moderna, que é muito focada no prazer masculino”. Ela ressaltou que as representações detalhadas da estimulação oral em mulheres e as interações do mesmo sexo com vibradores demonstram a profunda apreciação dos artistas pela sexualidade na época.


Uma Visão Diferente da Pornografia

A exibição, exclusiva para adultos e localizada no distrito da luz vermelha de Kabukicho, em Tóquio, é um esforço incomum para trazer a arte shunga à tona. Anteriormente, em meados do século XIX, um empresário americano chocado descreveu o shunga como “imagens vis executadas no melhor estilo da arte japonesa”.

O shunga só começou a ganhar aceitação no Japão após uma exposição no Museu Britânico em 2013, que inspirou uma mostra similar em Tóquio em 2015. Esse evento ajudou a quebrar barreiras, levando à realização de outras exposições e até à criação de um museu especializado em Gifu, no centro do Japão.

Ainda assim, o preconceito persiste. Mitsuru Uragami, um dos principais especialistas em shunga do Japão e cuja coleção compõe a exposição, explica que muitos museus japoneses ainda se sentem desconfortáveis com essas obras de arte. “Há a ideia de que o shunga de alguma forma vai contra a ordem pública e a moral”, explica.


O Valor Artístico do Shunga

Apesar de sua imagem controversa, o shunga representa o trabalho de alguns dos maiores artistas de ukiyo-e do Japão, como Hokusai e Kitagawa Utamaro. Os desenhos, mesmo com representações exageradas, como pênis “do tamanho de um rosto”, demonstram uma habilidade artística notável e um senso de humor único.

Maki Tezuka, líder do projeto da exposição, que também é presidente do Smappa! Group, um conglomerado que opera bares e clubes em Kabukicho, vê uma semelhança entre o shunga e o distrito de Tóquio. “Assim como o shunga é descartado como pornografia do período Edo, o Kabukicho é instintivamente evitado como um lugar ‘perigoso’ ou ‘ilegal’, apesar de sua certa profundidade e humanidade”, diz Tezuka.

Ele espera que a exposição possa despertar o interesse cultural nos visitantes, fazendo-os olhar além da natureza explícita da arte para apreciar as cores e a técnica, e eventualmente, o próprio ukiyo-e e o teatro kabuki. A jornada do shunga de tabu a uma forma de arte respeitada continua, mostrando sua relevância na história da arte japonesa.

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