Descubra o que é a vingança demissão, um comportamento de retaliação no trabalho que vem crescendo no Japão e como ele pode impactar a sua carreira e o seu futuro.
Situações como “excluíram todos os dados necessários ao sair” ou “enviaram um e-mail de despedida cheio de sarcasmo” são mais comuns do que se imagina. Segundo uma pesquisa da consultoria Scholar Consult, cerca de 10% dos trabalhadores no Japão já vivenciaram a vingança demissão, um fenômeno de retaliação que acontece quando um funcionário deixa o emprego. Com as transições de carreira se tornando cada vez mais frequentes, é importante entender o que está por trás desse comportamento e quais são as suas consequências.
A Scholar Consult realizou um questionário online com 2.106 pessoas para investigar a frequência e a realidade da vingança demissão. A pesquisa entrevistou funcionários e gerentes de empresas com no mínimo 100 colaboradores em todo o país.
Os desafios da equipe após a saída
Quando questionados sobre os problemas ao lidar com a saída de colegas, a resposta mais comum (29%) foi: “Foi difícil porque os membros da equipe tiveram que assumir o trabalho da pessoa que saiu, nos ocupando“. Isso demonstra que o impacto mais imediato é a sobrecarga de trabalho.
No entanto, um número considerável de entrevistados (11,8%) relatou ter presenciado ou sido vítima de atos de vingança demissão, como:
- Exclusão de dados e arquivos importantes.
- Entrega incompleta de tarefas e informações.
- Divulgação de dados confidenciais.
- E-mails sarcásticos ou ofensivos.
As respostas livres da pesquisa revelaram casos ainda mais extremos, como a remoção da memória do computador, a destruição de documentos físicos e até acusações falsas de assédio. Esses exemplos mostram o nível de insatisfação que pode levar a atitudes tão drásticas.
Por que a vingança demissão acontece
A presidente da Scholar Consult, Asaho Minohara, explica que o comportamento de retaliação geralmente é resultado de uma insatisfação profunda e duradoura. As principais razões para a frustração incluem:
- Discrepância entre o trabalho real e as expectativas do funcionário.
- Atribuição de tarefas indesejadas.
- Baixa avaliação de desempenho.
Minohara salienta que a vingança demissão não é a reação mais comum, e que a sua ocorrência se dá em ambientes de trabalho onde não há espaço para diálogo e onde o funcionário sente que não é tratado com justiça e respeito. “A exposição contínua a esse ambiente pode fazer com que a insatisfação exploda”, afirma.
As consequências de atitudes de retaliação
Embora possa parecer uma forma de desabafar, a vingança demissão pode ter sérias consequências. Minohara alerta que os afetados por essa atitude podem divulgar a situação, o que pode impactar a carreira futura do indivíduo. A satisfação temporária não compensa o prejuízo a longo prazo.
Um caso notável de vingança demissão que ganhou destaque internacional foi o de um comissário de bordo de uma companhia aérea dos EUA em 2010. Após perder a paciência com um passageiro, ele usou o interfone para se despedir, ativou a rampa de emergência e saiu do avião. Ele foi preso e condenado a pagar uma multa de US$ 10.000 pelo dano.
No Japão, assim como em outros países, atos maliciosos como esse podem resultar em punições legais e indenizações por danos morais e materiais. O ditado “É um pássaro doente que suja seu próprio ninho” nos lembra da importância de manter a integridade, mesmo em momentos de transição de carreira.
**Portal Mundo-Nipo**
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