O Japão exigiu nesta terça-feira que a Rússia peça desculpas por deter um diplomata por suposta espionagem, negando a acusação e acusando Moscou de vendar os olhos e prender o homem em “atos inacreditáveis”.
O diplomata japonês baseado na cidade oriental de Vladivostok foi considerado “persona non grata por atividades ilegais de inteligência”, disse o porta-voz do governo Hirokazu Matsuno a repórteres, citando o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
“O funcionário estava com os olhos vendados, com pressão aplicada nas mãos e na cabeça para que ele não pudesse se mover enquanto estava detido, e depois foi interrogado de maneira autoritária”, disse Matsuno.
O Japão “protesta fortemente esses atos inacreditáveis”, disse ele, negando as alegações de espionagem.
O diplomata, Tatsunori Motoki, recebeu ordem de deixar o país dentro de 48 horas após sua detenção. Ele foi libertado depois de ficar detido por algumas horas, disse o governo japonês na terça-feira.
O Ministério das Relações Exteriores do Japão convocou o embaixador russo Mikhail Galuzin na terça-feira para apresentar um protesto. O ministro das Relações Exteriores, Yoshimasa Hayashi, disse a repórteres que deter e interrogar um cônsul é uma “clara violação da Convenção de Viena sobre Relações Consulares”.
Hayashi disse que a ação da Rússia foi “totalmente inaceitável”, já que o cônsul não cometeu um ato ilegal e foi tratado “coercitivamente” pelas autoridades russas durante sua detenção.
O ministério exigiu que Moscou faça um pedido formal de desculpas e garanta que um incidente semelhante não aconteça novamente, disse Hayashi, acrescentando que o governo precisa tomar medidas apropriadas contra a Rússia.
O serviço de segurança russo FSB havia dito anteriormente que um diplomata japonês foi detido “em flagrante enquanto recebia informações confidenciais, em troca de dinheiro, sobre a cooperação da Rússia com outro país da região Ásia-Pacífico”.
O diplomata também estava solicitando informações sobre “o impacto das sanções ocidentais” na região leste de Primorsky, disse o FSB, segundo agências de notícias.
O serviço de segurança distribuiu um pequeno vídeo que mostrava o diplomata reconhecendo que havia violado as leis russas e teria dito que Moscou havia apresentado um protesto a Tóquio por meio de canais diplomáticos.
A Rússia considera o Japão um país “hostil” – uma designação que compartilha com todos os países da União Europeia, os Estados Unidos e seus aliados, incluindo Grã-Bretanha e Austrália.
Tóquio tinha relações complexas com Moscou antes da invasão da Ucrânia em fevereiro, e os dois lados ainda não assinaram um tratado de paz pós-Segunda Guerra Mundial.
As tentativas de fazê-lo foram prejudicadas por uma longa disputa sobre ilhas controladas pela Rússia e reivindicadas pelo Japão.